Pároco considera que através dos jovens será mais fácil mudar alguns paradigmas na comunidade

A paróquia de Rabo de Peixe, em São Miguel, definiu a pastoral juvenil como a sua grande prioridade para este ano pastoral. O padre Marco Luciano Carvalho, em declarações ao Sítio Igreja Açores, sublinha que, apesar da forte participação comunitária – com mais de mil crianças, adolescentes e jovens na catequese –, o desafio passa agora por criar estruturas capazes de acompanhar e formar a juventude de forma consistente.
Segundo o pároco, é essencial investir na formação de catequistas e na criação de grupos juvenis e de acólitos. Estes últimos, para além do serviço litúrgico, podem ser um espaço privilegiado de envolvimento comunitário e até de despertar vocações. “Temos um grande trabalho a fazer no campo da catequese, mas também na participação na Eucaristia e no acompanhamento dos jovens, sobretudo numa altura em que os pais nem sempre têm sensibilidade para estas questões”, assinalou.
A necessidade de uma pastoral juvenil mais estruturada surgiu na sequência de uma reunião do Conselho Pastoral, a 19 de setembro, onde foram analisadas as fragilidades da comunidade. Entre as conclusões está a urgência de revitalizar a presença dos jovens na paróquia, depois de um passado marcado por grupos ligados à Legião de Maria e à Mensagem de Fátima, realidade a partir da qual quer retomar os retiros de `esquema zero´.
“Um grupo de acólitos é sempre uma sementeira de vocações e realmente no contexto que o nosso Seminário vive, com falta de vocações e numa realidade distante, dado que os seminaristas agora estão no Porto, há que ter esta grande preocupação da pastoral vocacional nas comunidades” referiu.

O sacerdote deixou ainda um apelo para que os projetos externos dirigidos à população de Rabo de Peixe não funcionem de forma isolada. Segundo o presbítero, que é professor na Escola de Rabo de Peixe e anualmente recebe a visita destes grupos, como é o caso da Associação Rabo de Peixe Sabe Sonhar, liderada por jovens universitários, estas iniciativas só terão resultados duradouros se trabalharem em articulação com a comunidade cristã.
“Não pode ser apenas uma presença de verão. É preciso continuidade e integração na vida da paróquia”, reforçou.
A paróquia pretende igualmente contribuir para diluir barreiras sociais existentes na freguesia. O padre Marco Luciano destacou o papel dos movimentos paroquiais, que “não podem trabalhar apenas para si próprios”, mas antes em rede e abertos à comunidade, promovendo maior interação e cooperação entre todos.
Neste trabalho, a dimensão da pastoral social terá também um peso significativo, contando com a colaboração do diácono, numa lógica de rede e de sinal de esperança. A piedade popular, que congrega pessoas de diferentes origens e condições, será, segundo o pároco, um espaço privilegiado para promover maior união e aliviar desigualdades.
A paróquia de Rabo de Peixe é a maior da diocese e aquela que envolve mais pessoas na pastoral catequética.
É uma paróquia com imensas dificuldades, muitas delas vincadas por estigmas que ainda nenhuma força conseguiu desfazer. Mas também com imensos desafios. Com quase 10 mil habitantes, tem a maior preponderância de jovens dos Açores e tem sido um dos lugares onde os sucessivos governos mais têm investido em termos de programas de desenvolvimento e promoção social de que é exemplo o programa de Desenvolvimento Local “Velhos Guetos, Novas Centralidades”, que visava melhorar infraestruturas e condições sociais em Rabo de Peixe. Também têm sido desenvolvidos programas de inclusão, ocupação temporária e tempos livres.
“Por isso nós detetamos que realmente um dos nossos grandes desafios será realmente trabalhar esta área da pastoral juvenil, com a criação de um grupo de jovens, no fundo para acompanhar toda esta juventude, toda esta gente, que de facto é muita gente para acompanhar” remata o presbítero que tomou posse no passado dia 14 de setembro.
Paróquia do Bom Jesus define prioridades pastorais em Conselho Pastoral