Pe Paulo Borges sublinha necessidade de “esforço e protagonismo” para se vencer a dor da perda

Ministros Extraordinários da Comunhão na Ouvidoria de Ponta Delgada recebem formação sobre o luto

O Capelão do Hospital de Ponta Delgada disse esta quarta feira, numa ação de formação para Ministros Extraordinários da Comunhão da Ouvidoria de Ponta Delgada, que o luto sendo um processo que consiste “na adaptação que a pessoa faz perante a perda, através de fases e elaboração de tarefas” exige um “esforço e protagonismo” para ser ultrapassado.

Durante a sessão formativa, que se realiza sempre uma vez por ano, pelo menos, O Pe Paulo Borges começou por tentar enquadrar uma definição de luto como “um processo”, que se dá em qualquer fase da vida “e sempre que há uma perda significativa” e que provoca mais ou menos danos consoante “o vínculo que tínhamos com aquilo que perdemos”.

“A vida e a morte andam de mãos dadas! À medida que caminhamos pela vida, aproximamo-nos do nosso incontornável destino que é a morte” disse o sacerdote.

Percorrendo e identificando as fases do luto- Choque, consciência da perda, retirada, cura, renovação- o assistente que dirige a equipa que trabalha e dá apoio espiritual no Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, destacou alguns dos sentimentos associados às diferentes fases do luto, como “a confusão, a agonia, a ansiedade, o cansaço, com manifesta dificuldade em realizar as mais simples tarefas ou a necessidade de isolamento” até ao ponto de viragem durante o qual “chegada aqui a pessoa está já a retomar a vida com as suas próprias mãos e com o tempo a dor da perda diminui, em grande parte”.

O sacerdote identificou, ainda os principais tipos de luto : o “Normal” , em que a pessoa consegue pelos seus próprios recursos (emocionais, ambiente familiar, amigos) integrar a perda, recuperar e regressar à normalidade da vida; o “complicado” em que a pessoa não consegue (num tempo e ritmo razoável) integrar a perda e regressar à normalidade da sua vida e o “patológico”, no qual a pessoa não se consegue libertar, regressando sempre ao passado, ou fixando-se na negação! Nesses casos crónicos (raros) as pessoas necessitam acompanhamento psicológico e ou psiquiátrico especializado.

Depois falou das sete variantes dos chamados “lutos complicados” e nos sentimentos associados ao processo de luto que vão da tristeza, à raiva, à culpa e à auto-censura, sem esquecer a solidão, a fadiga, o choque ou a sensação de desamparo, que são porventura os mais frequentes.

Finalmente deixou algumas pistas aos Ministros Extraordinários da Comunhão, muitas vezes os primeiros a terem de servir de consolo a quem está em situação debilitada, sobre as tarefas fundamentais a trabalhar por quem perde, para que possa restabelecer o equilíbrio e elaborar o processo de luto.

“Aceitar a realidade da perda e que a pessoa que morreu não irá voltar é importante”, diz o sacerdote  destacando que o trabalho necessário para se ultrapassar as dores da perda não é “ignorá-la mas vivê-la” ainda que com custo e com “ajustamentos”.

A concluir o Pe Paulo Borges, que é também o responsável diocesano pela pastoral da saúde afirmou que “o processo de luto termina quando o enlutado deixar de ter uma necessidade intensa e exagerada de reativar a representação do falecido; quando já é capaz de por si retomar as tarefas mais básicas de cuidar de si, alimentar-se, ir trabalhar, sair para fazer compras necessidade básica ou por mero gosto”.

Estas formações ocorrem periodicamente por forma a dotar os que assistem espiritualmente, quer os doentes quer os seus familiares e amigos, a lidarem com a dor, neste caso do luto.

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