Portugal deve enfrentar o futuro com «paciência; coragem e perseverança»

Entrevista a Guilherme d’Oliveira Martins é transmitida este domingo no programa 70×7

O presidente do Centro Nacional de Cultura (CNC) comenta a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz e projeta 2015, ano de eleições, desejando que “paciência, coragem e perseverança” façam parte do dia-a-dia de cada pessoa.

“As campanhas têm de sempre ser vistas com muita cautela, os últimos anos ensinam-nos que nunca devemos prometer aquilo que não pode ser alcançado e o discurso político deve ser cada vez mais exigente”, revela Guilherme d’Oliveira Martins.

À Agência ECCLESIA, em ano de eleições legislativas e vésperas de eleições presidenciais (em 2016), o responsável destaca três palavras, da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, que “aconselharia” a incluir no dia-a-dia de cada pessoa: “Paciência; coragem e perseverança”.

“A coragem de sermos verdadeiros e não iludir os problemas. A paciência que é a capacidade de encarar a realidade tal como ela é e a perseverança – determinação, vontade e empenhamento que são indispensáveis”, desenvolve.

Sobre o Orçamento de Estado para 2015, ano que foi apresentado como de mudança, o também presidente do Tribunal de Contas acredita nesta realidade a partir da “ideia de esperança” e considera “indispensável” que cidadãos e forças políticas compreendam a necessidade de fazer “acordos fundamentais sobre o que é mais permanente”.

“É indispensável que definamos objetivos de pôr as pessoas em primeiro lugar, a dignidade humana. Há muitas vezes preocupações mais ligadas à gestão do curtíssimo prazo e menos a perceção destes valores permanentes”, analisa o entrevistado que defende como posição “determinação, atenção e cuidado”.

A nível mundial, Guilherme d’Oliveira Martins, prevê um ano de “muitas incertezas” onde a causa da paz, seja no Mediterrâneo oriental e/ou nas relações entre o Continente Europeu com a Federação Russa, “obriga” a uma atenção “muito especial” e responsabilidade de todos.

“É uma palavra de esperança que temos que dar no início do novo ano muito exigente e que tem de estar ligada à noção da globalização da fraternidade”, acrescenta na entrevista ao programa 70×7, transmitido este domingo na RTP2 a partir das 11h25.

Sobre a mensagem do Papa para o 48º Dia Mundial da Paz – Já não escravos, mas irmãos – onde está o apelo a esta noção que não é “abstrata”, o interlocutor comenta que Francisco “não faz apenas uma declaração formal de princípios” a partir da Carta de São Paulo a Filémon.

“Diz-nos que a fraternidade impõe uma rede de relações fundamentais a partir do conceito de família humana”, observa.

Para Guilherme d’Oliveira Martins, trata-se de uma mensagem que denuncia, alerta para as “múltiplas faces da escravatura” e apresenta-as “não só” como um problema do passado, pois para o Papa o estatuto de escravo integra todas as situações de “não respeito pela dignidade”.

Na biblioteca do CNC, o entrevistado destaca também os “deveres concretos” que Francisco aponta através de uma agenda às congregações religiosas, à sociedade civil e aos Estados.

A segunda mensagem de Francisco para o Dia Mundial da Paz alerta também contra o tráfico humano e de órgãos; para a situação dos migrantes e dos refugiados, as condições de estabilidade e estadia que depende do contrato de trabalho; a corrupção; a exploração do trabalho.

“Todos os exemplos concretos que são dados apontam para a necessidade de não podemos ser indiferentes e estarmos muito atentos”, considera o presidente do Centro Nacional de Cultura.

 

CR/ECCLESIA

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