“Quase me consagrei ao Senhor para que me ajude a levar esta missão”

Novo bispo de Angra preside às Festas do Senhor  Santo Cristo e já se deixou envolver  pela “densidade espiritual” que a imagem transporta

O bispo de Angra, que vai presidir às festas do Senhor Santo Cristo e já esteve por dois momentos na capela onde a imagem do Ecce Homo está durante todo o ano, lembra que o grande desafio destas festas é levar as pessoas a fazerem uma aprendizagem da sua fé, que embora seja “autêntica e fundamentada” precisa ser “educada para a caridade”.

“Nestas festas há uma expressão evidente e autêntica de fé e de esperança. Mas, se calhar, precisamos de aprofundar melhor a dimensão da caridade”, refere D. João lavrador em entrevista ao Sítio Igreja Açores.

O prelado diz que a dimensão “da partilha e do amor” têm de ser “mais valorizadas”.

“Sei que o Santuário tem em si o sentido da caridade, nomeadamente através das obras concretas que assiste durante todo o ano, mas há uma dimensão individual nesta relação entre o peregrino e Nosso Senhor que tem de ser transposta para a comunidade pois se Jesus é o mandamento novo, quando manifesto o meu amor na relação com Ele tenho de pensar no meu irmão” refere D. João Lavrador, sobretudo com “aqueles que sofrem”.

O bispo de Angra preside e participa pela primeira vez nestas festas e confessa ter alguma “curiosidade e interesse em conhecer este fenómeno que traz consigo muitas pessoas da diocese, da diáspora e do continente”, afirma.

E, por isso, a mensagem que deixa é própria de um convite: “que partam desta ideia e desejo de encontro e reconhçam aquilo que é mais importante: a abertura a Jesus e ao reconhecimento que este encontro com Cristo leva-nos a construir uma igreja missionária sempre ao serviço dos irmãos”.

O prelado não esconde que será um momento oportuno para “tomar o pulso à religiosidade dos açorianos”, lembrando-lhes que esta fé “não se esgota nestes dois dias e tem de ser partilhada em comunidade”, para que não “fique na superficialidade”.

A mensagem deste ano que está muito centrada na conversão, por outro lado, “desinstala-nos”, refere o bispo de Angra.

“Nós estamos no ano da misericórdia e, por isso,  temos de saborear esta misericórdia e infelizmente, ainda há muitos bloqueios a esta graça divina” pois  o homem “tornou-se auto-suficiente e o progresso transformou a necessidade de conversão”, afirmou.

Quanto aos momentos da palavra, D. João lavrador diz que vai ser direto e conciso. Haverá um primeiro momento de celebração da palavra que precede a saída da imagem do Senhor Santo Cristo e, depois, a homilia de domingo e nessa altura irá lembrar que Jesus é um peregrino que “caminha no meio de nós” e por isso “temos de seguir o seu exemplo caminhando ao lado dos irmãos”.

“Partindo de uma reflexão antropológica do homem vou procurar mostrar como temos desvalorizado o homem procurando reforça o seu papel diante de Deus, esquecendo-nos que em é a criatura e o criador” lembra o prelado.

“Enquanto não pusermos as coisas nos termos certos dificilmente conseguiremos encontrar o caminho”.

AS festas do Senhor Santo Cristo, que no se realizam pelo 351 ano consecutivo, são as maiores festas religiosas dos Açores e uma das maiores a nível nacional. Embora já esteja a decorrer é no fim de semana que têm o seu ponto alto com a procissão da Mudança da Imagem no sábado às 16h00 e depois com a procissão de velas entre a Igreja do Santuário e a de São José às 00:45. Segue-se a missa campal no domingo e depois a procissão solene. A recolha da imagem no domingo, noite dentro, será o grande e ultimo momento da festa religiosa.

As festas do Senhor Santo Cristo são organizadas pela Irmandade do Senhor Santo Cristo com o apoio de vários patrocinadores, entre entre o Governo Regional e a Câmara Municipal de Ponta Delgada que associa a estas festas um programa cultural, sendo o feriado municipal a segunda feira do Senhor Santo Cristo.

 

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