Sacramento da Reconciliação “é lugar da misericórdia de Deus”

Padre Jorge Ferreira profere conferência em São Brás, no âmbito do centenário da ouvidoria dos Fenais de Vera Cruz

 

A misericórdia “é o resultado de um processo” entre Deus e o seu Povo, que exige um “compromisso sério” de arrependimento e perdão, disse esta terça feira o Padre Jorge Ferreira na conferência “O Sacramento da Reconciliação como lugar da Misericórdia de Deus”, que realizou em São Brás, no âmbito das comemorações do centenário da ouvidoria dos fenais de Vera Cruz, que coincidem com o Ano Santo da Misericórdia.

O Pe Jorge Ferreira que está a estudar liturgia na faculdade de Santo Anselmo, em Roma, procurou analisar a história do povo de Deus, relacionando a temática da Misericórdia, com a história da própria igreja, passando em revista os concílios de Trento e Vaticano II.

” A Misericórdia é o resultado de um processo entre Deus e o povo que nem sempre tem sido fiel à Aliança”, disse o sacerdote sublinhando que esta aliança tem sido “sucessivamente quebrada pelo povo, mas Deus continua sempre fiel ao povo”.

Relacionando a misericórdia com justiça e fidelidade, o Pe Jorge Ferreira referiu que “a justiça significa ser-se fiel” e “Deus é justo porque é sempre fiel à Sua Palavra e à Sua Aliança”.

Durante a conferência, o sacerdote destacou algumas figuras do Antigo Testamento como Betsabé e Urias, referindo-se ao perdão de David que se expressa na atitude de pedir perdão a Deus, e que vem também clarificada no Salmo 50.

“Perante o arrependimento o ofendido tem obrigação de perdoar” precisou o sacerdote que também se referiu ao Novo Testamento, onde podemos contemplar João Batista que prega um “Batismo de conversão”, que “orienta o penitente para o arrependimento e para a transformação da sua vida”, disse ainda o sacerdote.

Num apelo a todos os cristãos para aproveitarem estes ensinamentos e viverem este ano santo “verdadeiramente”, o Pe Jorge Ferreira referiu-se à necessidade de cada “um de nós estar disponível para mudar de vida”, o que “nem sempre é fácil”, admitiu.

“A mulher adúltera, símbolo de uma igreja que continua a pecar”, as parábolas da “Ovelha Tresmalhada” e do “Filho Pródigo” foram exemplos apresentados pelo sacerdote para sublinhar “a disponibilidade permanente de Deus em perdoar”.

Esta última parábola “é também reflexo de quando nos aproximamos de Deus nem sempre o fazemos pelas melhores razões, isto é, não porque queremos ser filhos, mas queremos ter a barriga cheia”, acrescentou o sacerdote.

Depois aludindo à questão da “excomunhão”, o sacerdote lembrou os exemplos de Pedro e de Judas, para referir que “só é excomungado quem não acredita no perdão de Deus”.

“Enquanto Pedro acreditou na misericórdia de Deus, Judas excluiu-se desta misericórdia. Misericórdia significa a maternidade, o amor incondicional de Deus para connosco”. Acrescentou, ainda, que ” a nossa fé “não é uma conceção nem uma forma de vida, mas uma pessoa”, e “não basta imitar Jesus Cristo, também temos de ser a sua imagem”.

Durante a conferência o sacerdote clarificou alguns dos aspetos do Sacramento da Reconciliação, da necessidade de participação plena no Sacramento da Eucaristia e na prática das boas obras, como condições essenciais para a vivência do ano santo da misericórdia.

 

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