São João Paulo II: o Papa que conquistou o coração dos açorianos

Foi o único Papa que visitou os Açores

João Paulo II foi até hoje o único papa que visitou os Açores  e em menos de 24 horas celebrou uma missa na ilha Terceira e ajoelhou-se em oração junto da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

A visita é lembrada esta quarta, 25 anos depois, com uma celebração na Sé de Angra, presidida pelo Vigário Geral da Diocese e em várias ouvidorias com destaque para a da Horta que tem um programa celebrativo tendo em intenção o “apóstolo da misericórdia”.

“É uma celebração ao nível da ouvidoria e nós não podíamos deixar de celebrar esta data tão siginificativa para os Açores, ainda para mais quando estamos em pleno ano Santo da Misericórdia”, disse ao Sítio Igreja Açores o ouvidor Pe Marco Luciano Carvalho.

A celebração na igreja Matriz, igreja jubilar deste ano santo, começa às 19h00, com o Terço meditado; segue-se a Eucaristia com Te deum de ação de graças e depois uma procissão de velas com a Imagem de São João Paulo II, benzida aquando da visita do Núncio Apostólico à Horta, e a de Nossa Senhora de Fátima.

“Julgo que é uma forma de celebrarmos condignamente esta efeméride juntando o apóstolo e a Mãe da misericórdia”, concluiu o ouvidor.

Também no Sítio Igreja Açores pode ler a entrevista a Monsenhor Augusto Cabral, reitor do Santuário do santo Cristo e há 25 anos Vigário geral da diocese de Angra e do Professor Rolando Lalanda Gonçalves, sociólogo e na altura membro do Governo Regional dos Açores.

Conhecido pelas suas inúmeras viagens, esteve nos Açores a 11 de maio de 1991, durante a segunda visita que realizou a Portugal (num total de três) tendo sempre como destino final o Santuário de Fátima.

As poucas horas que esteve no arquipélago foram suficientes para deixar uma marca indelével na Diocese e em toda a comunidade cristã açoriana.

A visita, concertada entre autoridades religiosas e civis, nomeadamente a Diocese de Angra e a Presidência do Governo Regional dos Açores, traduziu-se numa celebração eucarística em Angra do Heroísmo e numa celebração da palavra em Ponta Delgada.

Dois momentos altos que foram vividos pelos fieis destas ilhas com uma enorme intensidade espiritual e uma fé inquebrantável.

Quando se dirigiu aos presentes em Ponta Delgada, diante da imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres, que pela primeira e única vez saíu do coro alto do Santuário para a rua sem ser durante as festas em sua honra, João Paulo II  exortou os presentes a “escancararem as portas a Cristo” lembrando  “quando tiverdes dúvidas de escolher entre o amor, o ódio ou o comodismo, olhai o rosto do Ecce Homo e escolhei como Ele, os caminhos do Amor”.

As homílias do Papa quer em Angra quer em Ponta Delgada, foram acompanhadas por milhares de fieis, numa enchente que a imprensa da altura reporta como “momento histórico”, “único” e “irrepetível” na vida do povo açoriano, crente e não crente, “tal foi a correria de todos que não quiseram faltar à chamada”, noticiavam.

A visita de João Paulo II foi, aliás, um estímulo a um maior compromisso na renovação cristã à luz das orientações do Concílio Ecuménico Vaticano II (1962-65) em que participou como arcebispo de Cracóvia.

Karol Wojtyla, eleito papa a 16 de outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, a 02 de abril de 2005.

Trabalhou e estudou ao mesmo tempo, viveu a ocupação nazi da Polónia, esteve na quase clandestinidade, mas tornou-se um homem do mundo.

Durante o seu Pontificado que começou em Outubro de 1978 e se estendeu por 27 anos (um dos maiores pontificados da história) fez 146 visitas pastorais em Itália e visitou 317 das atuais 332 paróquias romanas.

Realizou 104 viagens apostólicas pelo mundo, tendo visitado o Santuário de Fátima, em Portugal, por três vezes.

Na sequência do atentado, João Paulo II anunciou a sua primeira visita ao Santuário de Fátima, em maio de 1982, para agradecer “a proteção concedida”.

A visita de quatro dias, em que o papa percorreu o país, acabaria por ficar marcada por um incidente na noite da procissão das velas, em Fátima. O padre integrista espanhol, Juan Fernandez Maria Khron, de 32 anos, vindo de Paris, tinha o objetivo claro de matar João Paulo II.

Vestido como sacerdote, Khron aproximou-se da comitiva papal empunhado uma baioneta, mas acabaria por ser detido, não sem antes ter gritado “Fim ao comunismo” e “Abaixo o Papa e o Vaticano II”.

Depois disso, João Paulo II visitaria Fátima por mais duas vezes: em maio de 1991 e em maio de 2000, para a beatificação dos pastorinhos de Fátima Francisco e Jacinta Marto.

Na mesma altura, tornou pública a terceira parte do Segredo de Fátima e ofereceu à Virgem o anel com o lema “Totus Tuus” (Todo Teu) que lhe tinha sido oferecido no início do pontificado.

Morreu em Roma a 02 de abril de 2005, como um Santo, chegou a dizer Bento XVI a propósito do seu antecessor.

Bento XVI recorda ter dito ao Papa polaco que tinha de “descansar”, ao que este lhe respondeu que o podia fazer “no céu”.

O Sítio Igreja Açores apresenta amanhã alguns textos sobre a vida e o pontificado de São João Paulo II, o primeiro papa de leste.

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