Reitor sublinha que a data é mais do que uma comemoração: é um compromisso com a formação e o acompanhamento dos futuros sacerdotes da Diocese de Angra e agora também dos leigos

O Seminário Episcopal de Angra assinala este domingo 163 anos de existência, coincidindo com o encerramento da Semana de Oração pelos Seminários. Para o reitor, padre Emanuel Valadão Vaz, o aniversário “é um momento de memória e de compromisso”, que convida a olhar o passado com gratidão e o futuro com esperança.
“Mais do que festejar o dia certo, o importante é a fidelidade ao espírito da instituição e continuar a preservar aquilo que é fundamental: a formação e o acompanhamento de quem se prepara para o sacerdócio”, afirma o sacerdote.
Celebrações ligadas à ordenação diaconal
As comemorações não terão lugar no dia 9 de novembro, data da fundação do seminário, mas serão integradas na vigília de oração da véspera da ordenação diaconal de Fábio Silveira, a 23 de novembro.
“Será um reencontro e um voltar às raízes”, explica o reitor, referindo-se à presença dos seminaristas teólogos que estudam atualmente no Porto e que regressarão para participar neste momento de oração e comunhão.
O Padre Emanuel Valadão Vaz sublinha, por sua vez, que a formação académica, espiritual e pastoral continua a ser o coração da missão do Seminário.
“A reta final da formação será feita aqui, na Diocese, para que os seminaristas continuem a olhar as suas raízes e o sentir do povo. É nesta ligação que se aprofunda a entrega ao Senhor”, salienta.
Apesar da distância física dos estudantes que frequentam o curso teológico no Porto, o reitor garante que o acompanhamento é constante.
“Temos uma presença regular junto dos seminaristas, acompanhando o seu percurso e ajudando-os a descobrir o que o Senhor lhes pede. Mesmo à distância, sentimos que esta experiência tem sido um enriquecimento pessoal e espiritual”, destaca.
Maior atenção ao pré-seminário e à pastoral vocacional
Com a deslocação dos seminaristas para o continente, o pré-seminário ganhou nova importância. O reitor considera que esta fase inicial do discernimento vocacional requer um acompanhamento mais atento e uma colaboração mais estreita entre o seminário, as ouvidorias e as comunidades locais.
“Estamos a fazer um caminho conjunto, num processo sinodal que envolve todos: formadores, padres, leigos e famílias. Quanto mais trabalharmos em conjunto, mais forte será o trabalho vocacional”, afirma.

Uma casa aberta à formação e à espiritualidade
O Seminário de Angra mantém-se como um espaço central de formação na Diocese, mesmo com os seminaristas a estudar fora. O seminário tem acolhido diversas iniciativas de formação laical, pastoral e espiritual.
“Continuamos com as portas abertas a grupos, movimentos e retiros. O Seminário permanece como uma casa viva, fiel à sua vocação de formar e acompanhar os que servem a Igreja”, sublinha o Padre Emanuel, já de olhos postos na Escola Diocesana de Formação, que arrancará em 2026.
| Fundação: 9 de novembro de 1862 Fundador: D. Frei Estêvão de Jesus Maria (bispo de Angra) Primeiro edifício: Antigo Convento de São Francisco Missão: Formação dos candidatos ao sacerdócio da Diocese de Angra Momento marcante: Expropriação do edifício após a implantação da República, em 1911 Reconstrução: Após o terramoto de 1980, o edifício foi reaberto em 1985 Particularidade: Única instituição de ensino eclesiástico do arquipélago dos Açores Atualidade: Sede da Escola Diocesana de Formação e centro de vida espiritual e pastoral da Diocese |
Fundado a 9 de novembro de 1862, no antigo Convento de São Francisco, em Angra do Heroísmo, o Seminário Episcopal de Angra nasceu para colmatar a ausência de um centro de formação clerical no arquipélago.
Durante décadas foi o único espaço de ensino eclesiástico dos Açores e desempenhou também um papel crucial na formação cultural e intelectual das ilhas.
Ao longo do tempo, enfrentou períodos difíceis — como a expropriação durante a Primeira República e o terramoto de 1980, que destruiu parte do edifício — mas sempre soube renovar-se e reerguer-se.
Hoje, com uma população estudantil reduzida, o Seminário Episcopal de Angra continua a afirmar-se como o coração da formação sacerdotal e ministerial da Diocese.
“Esta casa continua a cumprir a missão para a qual foi criada: formar homens de fé, preparados para servir. E continuará a ser um espaço de comunhão e missão, ao serviço da Igreja e do povo de Deus”, conclui o reitor.