Um ano depois, Vaticano recorda oração do Papa numa Praça de São Pedro deserta

O Dicastério para a Comunicação do Vaticano recorda hoje a oração que a 27 de março de 2020 levou o Papa a uma Praça de São Pedro vazia, para rezar pelas vítimas da pandemia, acompanhada por milhões de pessoas, através dos media.

O organismo publicou o livro ‘Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?’ (editado pela Dom Quixote, em Portugal), no qual o Papa conversa sobre os sentimentos que experimentou naquele dia.

“Caminhava assim, sozinho, pensando na solidão de tantas pessoas… um pensamento inclusivo, um pensamento com a cabeça e com o coração, juntos. Sentia tudo isso e caminhava”, relata Francisco.

O Papa falou da simbologia da praça vazia e do “barco dos migrantes”, o monumento que mandou colocar na Praça de São Pedro.

“Tudo estava unido: o povo, o barco e a dor de todos”, indica.

Francisco é questionado sobre o famoso “Discurso da Lua” de São João XXIII, que apareceu inesperadamente na janela do seu escritório, após a sessão inaugural do Concílio Vaticano II, em outubro de 1962, e a semelhança com o seu gesto, na primeira vaga da pandemia.

“É uma coincidência, quase como se quisesse dizer que uma nova carícia do Papa deve ser levada para casa, em todas as casas, no sofrimento e na solidão das famílias isoladas, nos corredores dos hospitais onde os doentes subiam o seu Calvário sem a proximidade e o conforto dos seus entes queridos”, observa.

O jornal do Vaticano publica hoje um texto de D. José Tolentino de Mendonça, cardeal português, intitulado ‘O vazio é uma barca’, elogiando o “excecional poder icónico” da imagem do Papa sozinho, na Praça de São Pedro.

O membro da Cúria Romana destaca que Francisco assumiu “a audácia de habitar a vulnerabilidade como um lugar de experiência humana e de crente” e a “audácia de abraçar e dar novamente significado ao vazio”.

“O Papa Francisco ousou habitar a vulnerabilidade. Ele não falou apenas sobre a vulnerabilidade do mundo, como se estivesse isento dela. Na medida em que aceitou expor-se, como qualquer pessoa, surgiu como uma figura sacerdotal capaz de representar todos”, escreve.

D. José Tolentino Mendonça destaca a importância da mudança de discurso promovido pelo Papa, que evitou a linguagem de “guerra”, assumida por vários chefes de Estado, no início da crise provocada pela Covid-19, para falar de uma “tempestade”, que atinge todos.

“Este tempo de prova representa, portanto, um tempo de escolhas novas e proféticas que nos unem, em vez de intensificar o triunfo da lógica dos conflitos e das partes”, sustenta.

O Papa Francisco decidiu oferecer a todos os bispos portugueses o livro ‘Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé’.

(Com Ecclesia)

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