Universidade tem de ser “lugar de dinamização da autêntica esperança”, diz bispo de Angra

D. João Lavrador presidiu à eucaristia que assinalou a abertura do ano letivo no Polo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores

O bispo de Angra desafiou esta terça feira a comunidade académica da Universidade dos Açores a promover o “diálogo entre fé e razão” proporcionando “um verdadeiro desenvolvimento da pessoa”.

Na homilia da eucaristia que assinalou a abertura do novo ano letivo na academia açoriana, celebrada em Ponta Delgada na Igreja de Nossa Senhora de Fátima, D. João Lavrador animou alunos e docentes, bem como a equipa da pastoral universitária a encontrar “a criatividade e a sabedoria para elaborarem um programa de actividades que responda às exigências da academia nos tempos em que vivemos”.

A partir do Evangelho e do testemunho de vida de Santo Inácio de Antioquia, cuja memória litúrgica foi celebrada esta terça feira, o bispo de Angra lembrou que a academia é o lugar “ideal” para promover o diálogo entre a fé e a razão. E, apesar das dificuldades é preciso “resistir” e “permanecer firmes “ no testemunho dos valores da fé, como fizeram os primeiros mártires da igreja.

“Santo Inácio de Antioquia e a primeira geração dos cristãos tiveram de enfrentar duas questões complexas que desafiaram a sua fé. A primeira tem a ver com o paganismo reinante, cujo expoente máximo estava na divinização da figura do Imperador; a segunda diz respeito à cultura helenista, de fundamento racional que olha para o cristianismo com certo desprezo” sublinhou o prelado.

“Neste sentido, o mundo não mudou muito e nomeadamente o contexto cultural de hoje continua nas nossas universidades como expressão da cultura reinante na nossa sociedade” destacou D. João Lavrador frisando que este contexto exige dos cristãos uma atitude firme.

“Erguer-se no meio desta cultura complexa, atrevida, agressiva e desumana exige uma personalidade que se molda na comunhão com Cristo e que não se resigna à situação do mundo e perante as ameaças vai até ao martírio”, adiantou.

O prelado citou abundantemente a encíclica Caritas in Veritate, de Bento XVI , para sublinhar a importância da igreja acompanhar “toda a comunidade universitária no seu desenvolvimento humano e cientifico, oferecendo-lhe a proposta do humanismo cristão que procura edificar o ser humano à luz da pessoa de Jesus de Nazaré e do Seu Evangelho”.

O bispo de Angra lembrou que o laicismo e o fundamentalismo impossibilitam “um diálogo profundo”, pondo em causa a interligação entre fé e razão, que precisam uma da outra para “se purificarem”.

A missa desta terça feira foi concelebrada por vários sacerdotes, entre eles o responsável diocesano pela pastoral universitária, Pe Paulo Vieira.

O Plano pastoral prevê várias iniciativas, entre elas uma missa semanal às quartas feiras numa capela junto à Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, conferências e encontros de reflexão.

“Antes havia a bênção das pastas e esse era o momento de interesse de todos os jovens, com imensa participação. O que queremos é que a vivência da fé seja uma caminhada ao longo do ano com vários momentos” referiu numa entrevista no passado mês de agosto ao Igreja Açores o responsável diocesano, Pe. Paulo Vieira.

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