Vítimas açorianas da pandemia vão ser lembradas no dia de finados em Angra

Bispo preside a missa de sufrágio na Catedral

A diocese de Angra vai fazer memória das vítimas insulares da Covid-19 numa celebração no próximo dia 2 de novembro, na Sé, em Angra do Heroísmo, numa celebração às 18h00, presidida pelo bispo D. João Lavrador. A diocese insular associa-se assim  ao Dia de Luto Nacional pelas vitimas da pandemia.

“Celebraremos a memória de todos os defuntos e de modo especial fazendo memória e em  sufrágio dos que faleceram na diocese vitimas do Covid/19” disse ao Sítio Igreja Açores o bispo de Angra, lembrando que as celebrações decorrem com a normalidade própria deste tempo e de acordo com as regras articuladas entre a Igreja e as autoridades sanitárias regionais.

No passado dia 12 de outubro, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa(CEP) divulgou uma nota sobre a próxima comemoração dos Fiéis Defuntos (2 de novembro), pedindo às autoridades que evitem o encerramento de cemitérios, em dias “intensamente sentidos pela piedade dos fiéis católicos”.

“É certo que não depende da Igreja a gestão da grande maioria dos cemitérios nacionais. Confiamos, porém, que as autarquias e entidades que os tutelam saberão interpretar as exigências do bem comum encontrando um justo, mas difícil equilíbrio entre os imperativos de proteger a saúde pública e o respeito pelos direitos dos cidadãos”, indica o documento do Conselho Permanente da CEP, intitulado ‘Avivar a chama da esperança’.

Os bispos admitem que, dado o estado atual da pandemia, “é sensato que se imponham medidas suplementares de proteção”, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e o controlo do número de visitantes, mas consideram que “não seria apropriado o encerramento completo dos cemitérios”.

A CEP sublinha que a solenidade de Todos os Santos (1 de novembro), feriado nacional, e a comemoração de Todos os Fiéis Defuntos (2 de novembro) são marcados por “uma romagem de fé e esperança aos cemitérios”.

A nota destaca que “não se adoece apenas de Covid-19”, para referir que “a impossibilidade de exprimir de forma sensível e concreta saudades e afetos também é causa de sofrimento e de doença”.

Os bispos católicos pedem que os decisores políticos tenham em consideração que a emergência sanitária dura desde março.

“Muitas famílias enlutadas neste período nem sequer puderam acompanhar adequadamente os seus entes queridos em exéquias muitas vezes celebradas, como diz o Papa Francisco, de um modo que fere a alma”, assinala a CEP.

Projetando as celebrações do início de novembro, os responsáveis católicos sublinham a necessidade de cumprir as regras já estabelecidas e aumentar a oferta, sobretudo no dia 2 de novembro, “em horários que sejam mais convenientes à comunidade”.

“Para diminuir ocasiões de maior aglomeração de pessoas, recomendamos aos párocos que considerem nestes dias, em coordenação com as autoridades locais, a possibilidade de celebrar a Eucaristia nos cemitérios”, refere ainda o comunicado.

Quanto às romagens que é costume realizar nos cemitérios em sufrágio dos Fiéis Defuntos, os bispos sugerem que se façam “com acompanhamento mínimo, respeitando sempre as normas de segurança e de saúde”.

No dia 14 de novembro, às 11h00, na Basílica da Santíssima Trindade do Santuário de Fátima, a Conferência Episcopal vai celebrar uma Eucaristia de sufrágio pelas vítimas da pandemia em Portugal.

 

Dia de Todos os Santos

A Igreja celebra anualmente a 1 de novembro a solenidade litúrgica de Todos os Santos, na qual lembra conjuntamente “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente.

As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma celebração conjunta de todos os santos quer no contexto feliz do tempo pascal, quer na semana a seguir.

No Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de maio de 610, quando dedicou à Santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação que passou a ser comemorada todos os anos.

A partir destes antecedentes, as diversas Igrejas começaram a solenizar em datas diferentes celebrações com conteúdo idêntico.

A data de 1 de novembro foi adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno, tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).

Segundo a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.

Em contraponto surge, o Halloween, assinalado na noite de 31 de outubro, ligado à tradição celta de celebração do novo ano, o fim das colheitas, a mudança de estação e a chegada do inverno.

De acordo com esta tradição, nessa noite os fantasmas dos mortos visitavam os vivos; a festa foi conservada no calendário irlandês após a cristianização do país e implantou-se mais tarde nos EUA.

Já no dia 2 de novembro tem lugar a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.

Este costume depressa se generalizou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar três Missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.

Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).

(Com Ecclesia)

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