Vaticano convida muçulmanos a recursarem violência em nome de Deus

Conselho Pontifício dirige mensagem por ocasião do Ramadão

O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (Santa Sé) enviou hoje uma mensagem aos muçulmanos de todo o mundo, pedindo uma condenação conjunta da violência em nome de Deus.

“Ninguém pode matar. Ninguém pode matar em nome de Deus, isso deveria um duplo crime: contra Deus e a própria pessoa”, refere o texto, assinado pelo presidente do referido organismo, cardeal Jean-Louis Tauran.

O Ramadão, um mês sagrado para os muçulmanos, começou a 18 de junho.

A mensagem do Vaticano recorda os dramas vividos por minorias étnicas e comunidades religiosas, como o assassinato dos seus membros, a destruição do seu património, as migrações forçadas, a violação de mulheres, a escravidão, tráfico de pessoas, comércio de órgãos e “mesmo a venda de cadáveres”.

“Todos temos consciência da gravidade destes crimes, por si só. No entanto, o que os faz ainda mais hediondos é a tentativa de os justificar em nome da religião”, pode ler-se.

O cardeal Tauran fala numa “instrumentalização da religião” para “ganhar poder e riqueza.

A mensagem da Santa Sé tem como título ‘Cristãos e muçulmanos: juntos para combater a violência perpetrada em nome das religiões’.

O texto evoca os “vários e enormes sofrimentos injustos” que atingem os crentes.

Ninguém pode matar em nome de Deus

“Os que têm a seu cargo a segurança e a ordem pública têm o dever de proteger os seus povos e as suas propriedades da violência cega dos terroristas”, sublinham o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso.

O Vaticano recorda a responsabilidade dos educadores e dos media para recusar a “violência e terrorismo”, promovendo a noção do “caráter sagrado da vida” e da “dignidade de todas as pessoas, independentemente da sua etnia, religião, cultura, posição social e escolha política”.

“Nenhuma vida é mais preciosa do que outra porque pertence a determinada raça ou religião”, acrescenta o texto.

A mensagem convida à oração comum pelos que “se desviaram do caminho da vida e cometem violência em nome da religião”.

Na mensagem, o cardeal Tauran saúda todos quantos vão participar na festa do ‘Id al-Fitr’, depois de um mês dedicado ao jejum, à oração e à ajuda aos pobres.

O texto de 2013 para esta ocasião tinha sido assinado pessoalmente pelo Papa Francisco, poucos meses depois da sua eleição.

CR/Ecclesia

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