12 ranchos de romeiros inauguram romarias quaresmais deste ano

A partida está agendada para 8 de Março, dia internacional da mulher.

Os 12 primeiros ranchos de Romeiros de São Miguel – Cabouco, Calhetas (Rabo de Peixe), Candelária, Milagres (Arrifes), Ribeira Quente, Ribeirinha, São Pedro (Ponta Delgada, São Roque (Ponta Delgada), Santa Bárbara (Ponta Delgada), Ribeira Funda, Santa Maria (Toronto) e Várzea- fazem-se à estrada no próximo sábado, para uma romaria quaresmal de 8 dias. Até ao fim da Quaresma sairão mais 38 ranchos.

 

Na bagagem para além de uma “verdadeira conversão espiritual” levam um pedido especial do Bispo de Angra: rezar por intenção do Santo Padre que no dia 13 de março completa um ano de pontificado.

 

Cada rancho deverá anotar o número de orações e com o somatório de todas elas, rezadas pelos 50 ranchos que durante a Quaresma percorrerão as estradas e caminhos de São Miguel, será elaborado uma “ramalhete espiritual” que será posteriormente enviado para o Papa Francisco, conforme noticiou o Portal da Diocese.

 

Além disso, D. António de Sousa Braga, pediu ainda aos Romeiros que rezem pelos “Bispos e Sacerdotes, para que sejam verdadeiros Pastores, que conduzem o rebanho, que lhes está confiado; pelos jovens e seminaristas, para que tenham a força de seguir o chamamento do Senhor; pelas famílias, para que o Senhor as ajude a vencerem as dificuldades do momento presente; pelos doentes e idosos; pelos que sentem sós e desamparados, para que, no Senhor, encontrem conforto e, em nós, apoio e ajuda; pelos defuntos e por todos os Romeiros, para que testemunhem, na vida, a fé cristã”.

 

Durante o primeiro encontro de responsáveis do Movimento de Romeiros de São Miguel, com a nova direção coordenadora, presidida por João Carlos Leite, D. António de Sousa Braga disse esperar que as romarias quaresmais deste ano mantenham a sua “autenticidade e sejam genuínas” como momentos de oração e de aprofundamento espiritual.

 

Para o Prelado Diocesano, a prática do “romeiro autêntico” não se esgota, no entanto,  na duração da romaria e deve estar sempre presente ao longo de todo o ano, em todas as etapas da vida.

 

“A prática religiosa do romeiro autêntico impele-o a ser um membro ativo da sua comunidade paroquial e dar testemunho vivo da sua fé. Só assim será um evangelizador”, conclui.

 

Também o novo coordenador do Movimento de Romeiros de São Miguel, João Carlos Leite, lembrou na altura que os desafios “são muitos” sobretudo atendendo às “circunstâncias em que vivemos com tanta dispersão e angústia”.

 

“Onde existir um rancho de romeiros não deverão existir problemas sociais, sobretudo fome”, diz João Carlos Leite que apela à simplicidade da vida.

 

“Temos de aprender a viver na simplicidade e a oração deve ajudar-nos porque a nossa felicidade não está em ter muitas coisas mas sim na nossa fé”, diz João Carlos Leite.

As romarias quaresmais são uma das realidades mais vivas da tradição da religiosidade popular açoriana. Começam no primeiro sábado da quaresma, prolongando-se até à sexta feira santa, e durante oito dias, grupos de homens percorrem a ilha de São Miguel, sempre a pé, do nascer ao por do sol, rezando em busca do perdão e da redenção.

 

Unidos pela fé, agarrados a um terço e a um bordão, percorrem no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, todos os “templos” de pedra dedicados ao culto mariano.

 

Os ranchos de romeiros, que agora também já existem na ilha Terceira e na Graciosa, bem como no Canadá e nos Estados Unidos, remontam a 1522 e 1563, data de grandes erupções vulcânicas e tremores de terra que destruíram Vila Franca do Campo e Ribeira Grande, respetivamente.

 

Os romeiros são verdadeiros peregrinos penitentes que através da caminhada procuram a conversão pessoal e espiritual.

 

Os ranchos são compostos apenas por homens e neles há três com funções particularmente definidas: o mestre, o procurador das almas e o guia.

 

O Mestre é a primeira de todas as figuras do Rancho. É ele que preside ao auto processional, dirige as orações, oferece e  suplica a Deus e à Virgem as inúmeras preces de que vem incumbido.  È, ele, de resto, que dita o ritmo de andamento do rancho, nomeadamente quando se para, se anda, se reza ou se descansa.

 

O Procurador das Almas ocupa o segundo lugar na hierarquia do rancho.  Pela estrada fora dirige as preces e pede a aplicação delas, recebendo durante o trajeto os pedidos de diferentes pessoas, para orações aplicadas a intenções muito diversas.

 

Finalmente, a terceira e última figura do Rancho é o Guia que vai à frente de toda a Romaria, porque conhece os caminhos, as veredas, as ribanceiras por onde todo o Rancho tem de passar, para ir pelos mais curtos atalhos até todas as Ermidas e Igrejas espalhadas por toda a Ilha de São Miguel, onde haja uma invocação à Virgem Maria.

 

A dimensão dos ranchos varia de paróquia para paróquia mas estima-se que nesta Quaresma entre 2000 a 2500 homens participem nas romarias.

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