A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) encerrou hoje, em Fátima, as suas Jornadas Pastorais, dedicadas ao processo sinodal em curso na Igreja Católica, assumindo a necessidade de chegar a todas as comunidades.
“É preciso que a Igreja toda seja envolvida”, referiu o presidente da CEP, D. José Ornelas, no final das Jornadas Pastorais da CEP, que decorreram desde segunda-feira, reunindo bispos, religiosos, representantes diocesanos e dos vários setores da pastoral.
O bispo de Leiria-Fátima disse que o processo sinodal, lançado em 2021, tem sublinhado o “desejo de renovação”, na Igreja.
Para o responsável, os últimos dias de trabalho foram um sinal de “esperança” no futuro.
“Penso que demos um pequeno passo no sentido de ajudarmos a nossa Igreja”, assumiu, pedindo que estes debates se transformem em “atitudes, programação, em vida”.
Já D. Virgílio Antunes, vice-presidente da CEP, assinalou que “há um caminho novo”, em Portugal e no mundo, “sob o impulso da sinodalidade”.
“Se cairmos na tendência de desvalorizar, penso que cometemos um grande erro”, observou o responsável.

O bispo de Coimbra “há um novo modo de ser Igreja, um novo estilo que tem muitos sinais e que se tornaram visíveis”.
“O estilo caraterístico da Igreja não pode ser outra coisa que não sinodalidade, sinodal”, acrescentou.
O vice-presidente da CEP alertou ainda para uma tendência de “sobrevalorização” do dinamismo sinodal “como se tudo começasse a partir de hoje”.
Para D. Virgílio Antunes, há o risco de “desacreditar” o processo, se este se ficar pelas “palavras”, sem medidas e ações que tornem “visível a sinodalidade”.
“Precisamos de passar da manifestação de desejos para passos concretos e decididos, tanto na Conferência Episcopal como nas dioceses” e a todos os níveis, que “exprimam este estilo eclesial”.
“Ser verdadeiramente Igreja significa ser verdadeiramente sinodal”, concluiu.
Os participantes nas Jornadas Pastorais debateram e aprovaram a proposta de texto conclusivo, no qual se sublinha que “a sinodalidade em Portugal está viva, em processo e em construção”.
As reflexões dos últimos dias foram vistas como “um verdadeiro exercício de sinodalidade”, no qual se assumiu o “autêntico desejo de se aprofundar e alargar os horizontes do caminho sinodal”.
A síntese apontou a “importância da presença comunicacional” da Igreja, com presença “mais ativa” nos debates públicos e também nas plataformas digitais, sobretudo junto dos jovens.
“É fundamental comunicar bem, com clareza e proximidade. sem deixar nenhuma realidade nem pessoa para trás”, aponta o documento.
Os debates assinalaram a necessidade de formação, para padres e leigos, e de orientações comuns para as comunidades católicas, que as possam aplicar “com ritmos e metodologias próprias”.
Os grupos também assinalaram várias dificuldades, como “resistências culturais, falta de tempo e de meios, dificuldades de comunicação e cansaço institucional”.
Os trabalhos, com o tema ‘O processo sinodal nas Dioceses e na Conferência Episcopal Portuguesa’, iniciaram-se com uma reflexão sobre “Teologia e Espiritualidade Sinodal”, por D. Alexandre Palma, bispo auxiliar de Lisboa e diretor interino da Faculdade de Teologia da UCP.
O programa de terça-feira foi dedicado à implementação do processo sinodal nas dioceses e nos serviços nacionais da Igreja em Portugal, cinco meses depois do I Encontro Sinodal, que também se realizou em Fátima.
Os mais de 100 participantes defenderam “maior transparência e prestação de contas”, nomeadamente através da “elaboração de relatórios acessíveis e da criação de canais de comunicação mais eficazes”.
Outra proposta passa pela criação de redes interdiocesanas, “promovendo espaços de cooperação, partilha de boas práticas e construção conjunta de projetos pastorais”.
O secretário da CEP, padre Manuel Barbosa, recordou ainda aos presentes a realização do Jubileu das equipas sinodais e dos órgãos participativos, que vai ter lugar no Vaticano, de 24 a 26 de outubro.
A XVI Assembleia Geral do Sínodo, cuja segunda sessão decorreu de 2 a 27 de outubro de 2024, teve como tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’; o processo começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021, e a primeira sessão sinodal decorreu em outubro de 2023.Francisco promulgou o documento final e enviou-o às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal, uma possibilidade prevista na constituição apostólica ‘Episcopalis communio’ (2018), tendo ainda convocado uma inédita Assembleia Eclesial, para 2028. |
(Com Ecclesia)