Bispo de Angra admite “maior participação laical” no processo de colocação de sacerdotes no futuro e apela à “unidade e corresponsabilidade” na tomada de posse dos padres da ouvidoria do Faial

Esta é a única ouvidoria das 17 da diocese onde mudou toda a equipa sacerdotal. Dois dos sacerdotes completam este ano 25 anos de ordenação; outro regressa à Diocese mais de duas décadas depois de ter servido em Roma

Foto: Igreja Açores/MM

Na celebração da tomada de posse dos cinco novos párocos na ilha do Faial, o bispo de Angra sublinhou a importância da unidade entre comunidades e da corresponsabilidade entre leigos e sacerdotes, apelando a uma Igreja cada vez mais próxima das pessoas e comprometida com o futuro.

“Que aqui cresçam comunidades geradoras desta unidade com a diocese inteira e com a Igreja universal” afirmou D. Armando Esteves Domingues lembrando que os órgãos sinodais – Conselhos Pastorais e Conselhos Económicos – “são a garantia da unidade na paróquia e da continuidade quando mudam os párocos. Os párocos mudam, as comunidades ficam”.

O bispo de Angra afirmou mesmo que doravante e como marca da sinodalidade, que implica escuta e participação no processo de consulta e decisão, poderão ser tomadas decisões “fazendo outra auscultação, procurando maior participação laical nessas decisões, ouvindo os Conselhos Pastorais para discernir em conjunto”.

“Estamos a percorrer etapas. Mas também exige a existência e bom funcionamento dos Conselhos Pastorais Paroquiais nas comunidades. Sem isso, não é possível”, acrescentou.

A partir da Palavra proclamada, que narra a parábola do homem rico e do pobre Lázaro, D. Armando Esteves  Domingues salientou a urgência de viver a fé no presente.

O bispo destacou que a Palavra de Deus continua a ser fonte de esperança eterna e caminho de discernimento para as comunidades cristãs, pedindo “cuidado e gratidão” para com os pastores que servem o Povo de Deus. De resto, agradeceu aos sacerdotes que concluíram a sua missão no Faial – padres Marco Gomes, Paulo Silva, Fábio Carvalho, Sérgio Mendonça e Bruno Rodrigues – e deu as boas-vindas aos que agora assumem responsabilidades na ilha: Marco Martinho, António Saldanha, Rui Soares, Marcos Miranda e Roberto Cabral.

A celebração, realizada na Igreja Matriz da Horta, e que contou com a participação de autoridades civis e eclesiais, com a presença de movimentos e serviços, reuniu dois bispos, párocos e cristãos de várias comunidades, num momento que o bispo classificou como “histórico” e sinal de unidade.

O bispo revelou que as mudanças pastorais no Faial tiveram como objetivo a reorganização da ilha em cinco unidades pastorais, lançando bases para uma missão mais colaborativa entre sacerdotes e leigos.

“Não é para haver uma única paróquia, mas para que esta Ouvidoria possa contar com serviços partilhados e chegar a todos os lugares da ilha”, explicou, apelando a um trabalho conjunto nas áreas da pastoral juvenil, da caridade, da família e da liturgia.

Reconhecendo a diminuição das ordenações, sublinhou a urgência de rezar pelas vocações e preparar soluções criativas: “É fácil pensar que teremos menos padres no Faial dentro de pouco tempo. Precisamos organizar horários que permitam substituições e maior participação laical nas decisões”.

D. Armando Esteves Domingues recordou ainda que em 2034 a Diocese de Angra celebrará os 500 anos da sua fundação, sublinhando que, no próximo dia 5 de outubro, será apresentado em Santa Maria o Projeto Pastoral para os próximos nove anos, cujo lema do primeiro ano é: “Cristão, que dizes de ti mesmo?”.

“Este projeto terá caráter subsidiário, servindo de inspiração às paróquias, ouvidorias e movimentos, que manterão a responsabilidade de elaborar os seus próprios planos pastorais” afirmou o prelado.

Na sua homilia, o bispo de Angra recordou, por outro lado, que o sacerdote é chamado a ser “sinal vivo do Bom Pastor”, vivendo uma vocação que não nasce de interesses pessoais, mas de um chamamento de Cristo

“Consagramos os dias ao serviço integral do povo, celebrando os mistérios de Deus, cuidando dos pobres, indo ao encontro das feridas e transmitindo o Evangelho com ternura e coragem.”

Por isso, pediu aos novos párocos e a todos os fiéis que esta tomada de posse seja ocasião para renovar o compromisso de construir uma Igreja de irmãos: “Não se trata de somar paróquias, mas de caminhar, rezar e discernir juntos, como corpo de Cristo”.

Das quatro ouvidorias onde existiram mudanças mais significativas apenas falta a tomada de posse de quatro sacerdotes da ouvidoria da Ribeira Grande, três dos quais vão servir in solidum as paróquias da cidade da Ribeira Grande.

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