A família é “o lugar para o reencontro com Deus» – cardeal-patriarca de Lisboa

D. Manuel Clemente encerrou Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora onde analisou dificuldades do testemunho e vivência familiar

O cardeal-patriarca de Lisboa disse esta manhã no Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora que a família é o lugar onde “o reencontro atual com Deus” irá acontecer e enalteceu o testemunho dos casais presentes em Fátima.

“O reencontro atual com Deus há de acontecer também em contexto familiar, em famílias que vivam e testemunhem o ideal matrimonial cristão. Como agora, pelo vosso testemunho, O hão de reencontrar muitos mais”, afirmou aos presentes no último dia do encontro que congregou cerca de oito mil pessoas, 23 das quais açorianas (11 casais e um sacerdote).

Acredita D. Manuel Clemente que a «nova evangelização» “só acontecerá com famílias dinamicamente estabilizadas, onde ninguém desista de ninguém e os conflitos se previnam e superem pelo exercício de sucessivos reencontros”.

Na “primeira linha deste combate estão as Equipas de Nossa Senhora”.

O cardeal-patriarca acentuou ser a família “o lugar mais seguro” para que a memória do reencontro, recordada aos participantes através da parábola do «Filho Pródigo», “se ative e reative”.

“As atuais condições de vida tornam-no particularmente difícil em muitíssimos casos”, reconheceu o cardeal-patriarca.

 

“As condições de vida, aprendizagem e trabalho, assim como de habitação e pertença comunitária, oscilam entre a precariedade e a fluidez para grande número de pessoas e não só por razões financeiras. Nada disto ajuda à formação de memórias sólidas que garantam reencontros. Muito das atuais indefinições de personalidade e adiamentos de projetos familiares têm aqui o seu motivo, bem como a quantidade alarmante de frustrações e depressões precoces ou mais adiantadas em idade”.

Um quadro que atinge a vida familiar na sua “constituição e solidez”.

“A frequência dos divórcios é mais sintoma do que causa, uma vez que deriva frequentemente de uniões pouco ou nada preparadas”.

O cardeal-patriarca lembrou ter sido na família que Jesus fez o seu crescimento humano: “os primeiros trinta anos” da sua vida foram passados “no âmbito doméstico da família de Nazaré”.

“Do âmbito doméstico ao âmbito eclesial, é sempre a família o critério para nascer, crescer e conviver”, sublinhou D. Manuel Clemente.

“Nos primeiros séculos era difícil encontrar outros lugares para a reunião eclesial, a celebração e a catequese. E de então para cá, quer para a primeira evangelização, quer em tempos de perseguição, as famílias cristãs foram imprescindíveis para que o Evangelho acontecesse, como boa notícia e como prática”.

“A revitalização das famílias cristãs e a acentuação do seu lugar na Igreja são fundamentais para a nova evangelização que tanto urge, ou seja, para o reencontro com Cristo vivo”.

O cardeal-patriarca de Lisboa proferiu a última conferência denominada «A alegria do reencontro», presidindo também à eucaristia que encerrou o Encontro Internacional das Equipas de Nossa Senhora, em Fátima.

Na homilia, o cardeal-patriarca de Lisboa pediu que repitam em família um “sim” como as crianças fazem, em gestos de “humildade e disponibilidade” de quem “só partilha se usufrui”. D. Manuel Clemente partiu do exemplo dos Pastorinhos, que disseram um “decidido «sim»” para afirmar ser o mesmo sinal afirmativo que “as Equipas de Nossa Senhora querem reproduzir no dia-a-dia de cada casal, de cada família. E por isso pedem aos Pastorinhos a candura e a firmeza do mesmo sentimento e entrega”.

“Reparemos que as crianças raramente dizem «talvez». Também nisto as devermos imitar, e especialmente aos Pastorinhos de Fátima cujo sim foi imediato e definitivo ao que a Mãe do Céu lhes pediu”, afirmou D. Manuel Clemente na Missa de encerramento no encontro que juntou em Fátima cerca de oito mil participantes de 75 países.

Pediu D. Manuel Clemente “sentimentos de humildade e disponibilidade” para a vida familiar, cultivando atitudes próprias da “infância espiritual” como necessárias para a vida familiar, “simplicidade e confiança”, “filiação, transparência e prontidão”.

“Com Cristo e em Cristo aprendemos a ser filhos de Deus, como crianças entregues ao seu amor. E a transbordá-lo aos outros, na espontaneidade do bem, que só na partilha se usufrui”.

Tal como em crianças “confiantes e aderentes a quem protegeu os primeiros passos”, também hoje, “na vivência matrimonial cristã”, pediu D. Manuel Clemente o mesmo “sim”.

“O «sim» que dissestes diante de Deus e da Igreja, o «sim» que vos sustenta como casal e família, participa do «sim» do próprio Cristo ao Pai e do «sim» de Maria à vontade de Deus”.

 

  1. Manuel Clemente evocou os sinais de santidade, já mencionados pelo Papa Francisco na exortação apostólica «Alegrai-vos e Exultai», em quadros de vida diária familiar: «Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa […]. Nesta constância de continuar a caminhar dias após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade “ao pé da porta”, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus…»

“Caríssimos casais das Equipas de Nossa Senhora: É esta a vossa vocação e missão”, terminou D. Manuel Clemente, aludindo ao ressoar do «sim» dos Pastorinhos.

No final da Eucaristia deu-se a passagem de testemunho entre a equipa que conduziu o movimento internacional nos últimos seis anos, José e Maria Berta Moura Soares, para o casal da Colômbia, Clarita e Edgardo Bernal Fandiño.

(Com Ecclesia)

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