A Igreja tem de ser sempre a casa que acolhe

Sacerdote do Patriarcado de Lisboa propõe maior criatividade na pastoral do acolhimento.

O acolhimento é a essência da Igreja e por isso, deve constituir a sua prioridade, defendeu ontem em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira , o Pe Ricardo Neves, do Patriarcado de Lisboa, durante uma conferência realizada no Seminário Episcopal de Angra sobre “Acolhimento Pastoral”.

 

“O acolhimento não é uma tarefa confiada a uma equipa de técnicos especialistas, mas antes o ar que se respira em toda a comunidade e o clima da vida da Igreja”, precisou o sacerdote que se encontra nos Açores a orientar dois dos três retiros de padres que a Diocese organiza este ano , nas ilhas de São Miguel, Terceira e Pico.

 

O Pároco de Santo António do Estoril sublinha que na sociedade há cada vez mais “gente desejosa de encontros pessoais”, o que implica a disponibilidade para escutar em profundidade.

 

A Igreja, sustenta, “é a casa aonde os filhos podem regressar sempre, é a família que acolhe”.

 

Na sua visão, a Igreja é ainda “casa terapêutica que abriga do mal” porque é regeneradora e restauradora. Para tal tem que assumir-se como “família de pessoas, experiência de relação” no meio de uma cultura marcada por um individualismo estruturado.

 

Afirma, ainda, o sacerdote que esse clima acolhedor passa por situações em que as pessoas se possam encontrar “cara a cara”, pelo que a comunidade eclesial deve ter ”a criatividade de transformar cada contrariedade, cada necessidade, cada circunstância da vida em oportunidade aonde as pessoas se encontrem umas com as outras”.

 

E, Sublinha ainda que esse encontro pessoal tem “prioridade sobre o burocrático”.

 

Na sua experiência pastoral constata que as relações são codificadas pois “as pessoas sentam-se no banco da igreja e sentem-se avaliadas, e quanto mais débeis mais avaliadas se sentem”.

 

Ricardo Neves defende, por isso,  “mais criatividade e assertividade” na Pastoral do acolhimento.

 

A arte de receber bem, de encaminhar com prontidão, são outras das competências que a comunidade deve desenvolver e elege como áreas pastorais de eleição os momentos de preparação para os sacramentos do batismo e matrimónio e ainda a catequese.

 

“O padre precisa de ser sempre a figura segura e serena a quem se possa recorrer”, salienta Ricardo Neves que propõe para tal gestos simples como saudar os paroquianos no adro da igreja ou a criação de tempos diários de acolhimento pessoal.

 

O comunicador, perante uma plateia de uma centena de participantes, articulou a sua exposição em 3 eixos: Identidade da Igreja à luz do Acolhimento; por onde deve passar um ambiente de Acolhimento; e prática pastoral de Acolhimento.

 

Ricardo Neves, de 41 anos, sacerdote há 17 anos, trabalhou durante 14 anos em casas de formação sacerdotal, falou a partir da sua experiência pastoral no contexto em que trabalha – Patriarcado de Lisboa, zona do Estoril, – aonde, afirma, está “a aprender a ser pastor”.

 

Nos momentos que precederam a conferência, o Bispo de Angra, D. António de Sousa Braga interpelou os cristãos a não temerem “o risco do encontro”.

 

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