A perda de confiança no poder

Por Renato Moura

Lula da Silva, um famoso presidente do Brasil, entrou na prisão para cumprir uma pena de mais de 12 anos, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A cumprir uma pena de 24 de prisão está a anterior presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, por abuso de poder e corrupção. Também recentemente Jacob Zuma, que era presidente da África do Sul, por pressão do seu próprio partido viu-se obrigado à demissão, face à acusação de vários crimes de corrupção.

A história recente regista a condenação de outras figuras relevantes da cena política mundial, pelos mais variados crimes: na América Latina, Augusto Pinochet, ex-presidente do Chile, por genocídio e terrorismo; Alberto Fujimori, ex-presidente do Peru, o primeiro latino-americano democraticamente eleito, acusado de violação de direitos humanos e corrupção, condenado a 25 anos de prisão, ainda que depois indultado por polémica decisão presidencial; também do Peru, o ex-presidente Alejandro Toledo, condenado a prisão e procurado nos EUA para ser extraditado; detido nos EUA, Ricardo Martinelli, ex-presidente do Panamá, acusado de escutas telefónicas ilegais, peculato e corrupção; Carlos Menem, ex-presidente da Argentina, condenado por contrabando de armas a sete anos de prisão, que a condição de senador evitou de cumprir; Perez Molina renunciou a cargo de presidente da Guatelama e a seguir foi preso.

Noutras zonas do globo, condenações para Hosni Mubarak, ex-presidente do Egipto; Ehud Olmert, ex-primeiro-ministro de Israel; também de Israel o ex-chefe de estado Moshe Katsav; do Paquistão o ex-presidente Pervez Musharrat.

E também na Europa, bem nos recordamos dos problemas com a justiça do ex-primeiro-ministro italiano Sílvio Berlusconi e agora o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, está alegadamente acusado de corrupção e tráfico de influência. Em Portugal o ex-primeiro ministro José Sócrates já esteve preso e continua a correr contra ele processo judicial por suspeita de envolvimento em fraude fiscal, lavagem de dinheiro e corrupção; e o que se vai conhecendo abisma!

Estas situações fazem perder confiança nos que exercem o poder, que mostra gerar tentação. O que conhecemos, a níveis próximos, ensina que a dimensão dos actos de corrupção tem relação com a extensão do campo de acção e a abundância de meios; e a gravidade do abuso do poder e da vingança contra a liberdade de expressão, resultam da pessoa, mas tornam-se possíveis pelas competências que lhe estão confiadas.

Há que vigiar, denunciar, acusar e punir. Se não, generaliza-se.

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