A perversidade dos julgamentos

Por Renato Moura

O desporto sempre atraiu muita gente e a competição tem uma ligação forte à prática desportiva, cada vez menos amadora e mais profissional, com o enriquecimento de praticantes e agentes. O “amor à camisola” rareia e a avidez pelos milhões alastra.

O futebol é o fenómeno que apaixona multidões. Em Portugal não se pode investir como nos grandes colossos europeus. Mas os clubes e os agentes desportivos portugueses poderiam ser enormes nos comportamentos, pois que a virtude não se compra. Que bom haver adeptos alemães do Borussia a alojar em suas casas adeptos do Mónaco.

Demasiados clubes portugueses não olham os outros como adversários, mas como inimigos. Há dirigentes e treinadores a armar-se em vítimas, a inventar e alimentar guerras permanentes contra tudo quanto pensam que impede o almejado sucesso, que juraram oferecer aos adeptos.

Os principais responsáveis, nomeadamente dos grandes clubes de dimensão nacional, têm de ter consciência que, com certo tipo de declarações incendiárias, desvirtuam o clubismo sadio, exorbitam paixões, acirram ódios. Depois ficamos a assistir a comportamentos horríveis por parte das claques, que, quando convém são oficiais, mas quando corre mal já não são.

Os árbitros ultimamente estão a ser convertidos na fonte de todos os insucessos. Não apenas se afirma que são incapazes, mas tudo se faz para insinuar que não são honestos. Não há um mínimo de tolerância para os erros inevitáveis de seres humanos que têm a missão sempre muito difícil de julgar e quase sempre têm de decidir sem tempo para ponderar. O pior é que muitos daqueles que os crucificam nunca experimentaram o que é ser árbitro, nunca perceberam a dificuldade de analisar ao nível do terreno, nunca viram quantas pernas se interpõem à volta do sítio onde está a bola.

Cada canal de televisão tem várias equipas de comentadores, dos quais poucos foram árbitros, que levam horas a analisar cada jogada sob todos os ângulos, em movimento lento ou com paragens e por vezes nem assim chegam a conclusões unânimes; e condenam!

Mas a todos os níveis se assiste à perversidade dos julgamentos dos nossos árbitros, com uma desumanidade arrepiante, apesar de a televisão mostrar juízes internacionais, em provas do mais alto nível, a cometer erros graves.

O melhor futebolista do mundo não gosta de ser assobiado; mas os árbitros também são gente e não gostam de ser acusados de ineficácia; e mais graves são as acusações de desonestidade.

Mas perdoa-se a jogadores que ganham milhões e cometem erros infantis e fatais!

 

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