A prenda no frasquinho

Por Renato Moura

Mais um Natal na vida terrena daqueles que ainda não foram chamados. Talvez isso bastasse para ser motivo de alegria. Mas somos seres insatisfeitos, sempre a exigir mais.

Sendo Natal sempre as crianças ansiaram pelas prendas do Menino Jesus. Outrora contentavam-se com pouco mais de nada; até se conformavam sem absolutamente nada. Os adultos, entretanto, fizeram do Natal um festival de prendas!

Este ano foi muito difícil por conta da Covid 19. Fatal para quem morreu. Dramático para quem adoeceu e chorou mortes. Penoso para aqueles continuamente tomados pelo pânico. Custoso para todos.

Se nos detivéssemos a fazer o tradicional balanço de fim de ano, certamente concluiríamos muitas coisas. A doença é perigosa, mas frequentemente foi tornada demasiado ameaçadora, transformada em pânico. Divulgaram-se notícias sobre riscos sem nada de científico. Tomaram-se medidas desnecessárias. Afastaram-se pessoas dos tratamentos das demais doenças, com resultados fatais. Insistiu-se e persistiu-se na tese de que a vacina levaria anos a ser inventada!

Houve quem apelasse ao respeito pela doença e aos cuidados, mas procurando nunca retirar a esperança. Lembrou-se Deus, que nunca nos esquece, como fonte de ânimo e auxílio. Do lado da esperança, com tantos outros, procurei estar. Pesar não terem sido muitos mais.

Contra o pessimismo venceu a tese de quantos acreditavam na descoberta da vacina em poucos meses. Uma aí está e brevemente outras. Isso foi possível graças a uma mobilização de esforços inédita, a uma colaboração e cooperação aberta entre cientistas e laboratórios, ao dispêndio de avultados meios, a alargadas vontades políticas convergentes. Era de esperar que a tragédia mundial levasse a isso. Para quê, então, se fez crer o contrário e a impossibilidade?!

Estão demonstrados os efeitos altamente positivos das vacinas em geral, escudo vital para protecção de doenças. Sabe-se quanto as agências especializadas exigem, para a validação: controlos científicos e sanitários rigorosos, baseados em provas e contraprovas. Também na vacina contra a SARS-CoV-2. Não empolem pessimismos sobre eficácia e imunidade, efeitos secundários, demora na aplicação ou critérios de selecção. Não massacrem com a afirmação de não resolver tudo. Para quê persistir em retirar esperança?!

Há uma estrelinha agora a brilhar; faz lembrar a da orientação dos pastores. Deus deu a inteligência. Os cientistas usaram-na e inventaram a vacina. Desta vez o Menino Jesus trouxe a prenda no frasquinho.

Que seja assim Alegre Natal.

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