As promessas religiosas não são negócios

Por Renato Moura

“Peçamos a graça de recordar todos os dias que não somos esquecidos por Deus, que somos seus filhos amados, únicos e insubstituíveis: recordá-lo dá-nos força para não nos rendermos perante as adversidades da vida” é mais uma afirmação do nosso Papa Francisco, na sua incessante e valorosa pedagogia. Esta foi proclamada a propósito do legado de S. Maximiliano Kolbe, um padre polaco que morreu à fome, numa cela do campo de concentração de Auschwitz, em 14.08.1941.

A Igreja Católica celebra, a 15 de Agosto, a solenidade litúrgica da Assunção de Maria: conforme dogma solenemente definido pelo Papa Pio XII, em 01.11.1950, a Mãe de Deus, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial. É celebrada, com diversas invocações de Nossa Senhora, em muitas paróquias; no Corvo e no Lajedo das Flores, como Nossa Senhora dos Milagres.

A devoção sempre motivou os cristãos para a oração e o fervor religioso sempre os impeliu para outras manifestações e votos especiais. Alguns encontram fundamento no respeito devido à majestade divina, outros nascem da aflição em casos extremos, são pedidos de auxílio para ultrapassar dificuldades ou simples solicitações para satisfação de desejos. É habitual fazerem-se promessas pedindo a intercessão de Nossa Senhora e dos santos, o que nada tem de mal se encontram justificação no sentimento de fé e se constituem uma expressão do amor a Deus. Embora sabendo “que não somos esquecidos por Deus”, também Jesus nos ensinou a pedir.

Haja consciência que as promessas são ofertas espontâneas e não obrigam Deus a nos conceder o que pedimos; as promessas não são negócios com contrapartida divina.

O cumprimento das promessas traduz-se habitualmente em orações, esmolas, sacrifícios, peregrinações. Certamente é feito contribuindo para a santificação ou aperfeiçoamento do próprio, para o bem ou auxílio de outros. Antes importa sempre ponderar a capacidade para ser fiel ao cumprimento do voto. A gíria popular consagrou a expressão: Deus não manda prometer, manda cumprir!

Nas Flores a festa de Nossa Senhora dos Milagres é aquela que leva um grande número de peregrinos, de toda a ilha, a fazer a pé o percurso até ao Lajedo, muitos durante a noite (às vezes incluindo o regresso), em estradas que não têm iluminação e são afectadas por densos nevoeiros. A escolha da berma esquerda, o uso de coletes reflectores ou outros meios de sinalização devem ser aconselhados e generalizados, pelo risco de ocorrência de tragédias, que podem e devem ser evitadas.

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