Bispo das Forças Armadas de Segurança denuncia «indignidade da pobreza» e indiferença face a quem sofre

D. Manuel Linda assinalou arranque da campanha de Natal da Cáritas Portuguesa

O bispo das Forças Armadas e de Segurança presidiu hoje em Fátima ao início da campanha de Natal da Cáritas, denunciando a “indignidade da pobreza” e a indiferença perante os sofrimentos da humanidade

“Queremos recordar aos dez milhões de portugueses que os muitos milhões de lâmpadas elétricas que se acenderão por motivo do próximo Natal não chegam para aquecer os corações e a vida, elevar os enlodados na indignidade da pobreza e mudar a história do mundo. Quanto muito, mudarão a história das caixas registadoras do comércio”, declarou D. Manuel Linda, na homilia da Missa a que presidiu na Basílica da Santíssima Trindade, que marcou o encerramento do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa.

A celebração contou, simbolicamente, com a entrega da “luz da paz” aos responsáveis diocesanos da Cáritas, para assinalar o arranque da tradicional operação ’10 milhões de Estrelas’.

“Queremos acender a estrela que sois vós, a estrela da vossa consciência, o lugar íntimo onde ressoa a voz de Deus que interpela e compromete. E dez milhões de estrelas darão muita luz, farão recuar muitas trevas, iluminarão muitos aspetos da vida até agora desconhecidos, gerarão muita harmonia pessoal e coletiva a que damos o nome de paz”, assinalou D. Manuel Linda, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

O também membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana questionou os participantes na celebração sobre a forma como têm utilizado os seus “talentos”, numa alusão à parábola evangélica que é hoje lida em todas as igrejas do mundo.

“Com os dons que Deus te deu tens ajudado o mundo a crescer em humanidade e a tornar-se rico dos valores que não escravizam, mas elevam o homem, todos os homens, a experimentar e exprimir a dignidade de filhos de Deus?”, perguntou.

O bispo das Forças Armadas e de Segurança lamentou que por “medo, ou por desinteresse, ou por indecisão”, muitas pessoas sintam que nada podem fazer contra o “mal estrutural”: “Por exemplo, perante o fanatismo violento e assassino do Califado Islâmico ou dos bandidos que fazem desaparecer centena e meia de jovens para vincarem bem a lei da droga”.

Neste contexto, aludiu ainda à falta de intervenção no “campo da cultura dos costumes e das leis” por parte de quem julga que estes domínios seriam “quase exclusivo de poderosas organizações que se reúnem secretamente, nas trevas do desconhecido” para destruir “a fé religiosa e a sua consequente dimensão ética ou moral”.

Esse risco, acrescentou o prelado, existe o mesmo “risco”, ignorando “o valor do tempo, como espaço de redenção da sociedade, da história e de todas as coisas negativas que nelas ainda se encontram”.

“Os talentos não podem não ter consequências sociais. O cristão aprende a viver em modo sóbrio e solidário, consciente de que, esteja onde estiver, ninguém pode ser afastado da mesa da alimentação e do convívio do mundo”, prosseguiu.

A próxima edição da campanha ‘10 milhões de Estrelas’, que a Cáritas promove todos os anos durante o tempo de Natal, vai associar-se a um projeto internacional de apoio à população do Médio Oriente.

Os portugueses são convidados a adquirir uma vela (com o preço de 1 euro) e acendê-la em nome da paz, na noite de Natal.

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