Bispo de Angra apela a uma igreja de pessoas e não de estruturas

Semana diocesana arrancou hoje em Angra do Heroísmo com celebração dos Fieis Defuntos

D. António de Sousa Braga quer que a semana diocesana, que agora começa, seja um momento de reflexão sobre as periferias existenciais e que a igreja açoriana seja construída pelas pessoas e não o resultado de “ofícios da cúria”.

“Uma igreja particular não são os ofícios da cúria nem a distribuição de encargos mas a comunhão com o Espirito Santo. E o sujeito da evangelização não é uma elite a quem se distribui estes encargos; todos os batizados são convidados a serem evangelizadores; todos são chamados a serem igreja de cristo aqui e agora”, disse o prelado diocesano na eucaristia a que presidiu na Sé de Angra, no dia em que a igreja assinala os fieis defuntos.

O Bispo de Angra pediu, por isso, a todos os cristãos que sejam evangelizadores e aproveitem esta semana,  até ao próximo domingo, dia 9 de novembro, em que a Diocese comemora 480 anos de existência, para refletirem sobre a igreja “que são, que querem e que estão dispostos a construir”.

“Iniciamos hoje a semana da diocese e somos convidados a pensar o que somos e o que fomos enquanto igreja particular”, disse D. António de Sousa Braga, lembrando que “se a igreja universal não é uma multinacional com filiais ou federações, cada igreja particular é o reflexo da cultura e da história do sitio em que se insere” e, por isso, “temos de saber o que somos para podermos

criar um novo élan missionário .

Recordando uma vez mais as palavras do Papa Francisco, o Bispo de Angra afirmou que este é o “desafio principal” de cada igreja particular que “guiada pelo seu bispo deve saber despertar em todos este novo élan missionário”, que procure o encontro com todos aqueles que estão, “por uma razão ou outra” nas periferias.

“Não queremos que existam periferias. Embora sejamos ilhas, precisamos muito da ação de todos, a começar pela estrutura, concretamente os ouvidores, para que o Evangelho chegue como a boa nova que é,  devolvendo a esperança às pessoas”, disse ainda o responsável pela Igreja açoriana.

A celebração do dia dos fiéis defuntos coincide este ano com a abertura das comemorações da Semana da Diocese de Angra mas também com o domingo “que é dia do senhor ressuscitado e assim colocamo-nos na perspetiva da vida para sempre, que não acaba com a morte. Nós acreditamos que em Cristo ressuscitado venceremos a morte”.

A comemoração dos fiéis defuntos remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.

Este costume depressa se generalizou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar 3 missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e ainda na Polónia.

Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV generalizou esse uso em toda a Igreja (1915).

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