Bispo de Angra convida a uma vida mais eucarística concretizada na atenção aos pobres

Foto: Igreja Açores/EM

D.Armando Esteves Domingues presidiu à solenidade do Corpo de Deus na Sé, com Procissão Eucarística pelas ruas de Angra

Compartilhar a mesa do altar não pode ser separado da partilha da mesa da vida quotidiana, afirmou esta tarde o bispo de Angra na Solenidade do Corpo de Deus, na Sé, na ilha Terceira.

“Se somos verdadeiramente cristãos, vivamos a nossa vida de forma mais eucarística” desafiou D. Armando Esteves Domingues sublinhando que ninguém pode estar em comunhão com Cristo se não estiver igualmente em comunhão com o próximo.

“A comunhão visível entre nós é a única prova da comunhão invisível com o Senhor” afirmou o prelado quando comparou a gravidade das “injustiças e desigualdades, violências e opressões” ao desrespeito e “profanação eucarística”.

“Porque não temos a mesma e imediata reação, quando o corpo eclesial é profanado, ou seja, quando testemunhamos injustiças e desigualdades, violências e opressões? Quantas lacerações também dentro do tecido eclesial. No entanto, isso não é um ultraje menos do que a profanação, porque diz respeito ao mesmo “corpo” de Jesus. Se não há lugar para Jesus em nós, significa que alguém ou, outra coisa, tomou completamente posse dentro do nosso coração”, disse o prelado.

“O que seria da nossa vida se fosse alimentada por tudo, mas não do Senhor, da Santa Eucaristia e a sua Palavra? Vivamos mais de adoração, de comunhão eucarística e comunhão fraterna. Adorar a Cristo no Tabernáculo deve levar-nos a curvar-nos diante do tabernáculo de Cristo, que são os pobres e o próximo” disse ainda.

No sermão d+no dia em que a Igreja celebra o Corpo e Sangue de Cristo, D.Armando Esteves Domingues considerou que “o homem tem fome de Deus” e que a felicidade humana depende mais da capacidade de dar-se, em fazer-se dom para o outro, do que da acumulação individual de riqueza.

“A verdadeira alegria não consiste em acumular, mas em fazer-se dom; assim como Jesus fez e ainda faz, todos os dias, por nós, na mesa eucarística”, afirmou. Por isso, deixou um desafio: “Olhando para os raios de cada ostensório, pensemos em como também a nossa vida é chamada a ser uma irradiação daquela luz que emana do Cristo Vivo na sagrada espécie eucarística”.

“Iremos hoje em procissão levar o Santíssimo Sacramento pelas ruas de nossa cidade, para abençoar famílias e instituições, locais de dor e trabalho, pessoas devotas e homens indiferentes. Mas com a procissão fazemos apenas um rito, respeitamos uma tradição de piedade popular e uma manifestação da nossa devoção eucarística” disse.

“ O que nos é pedido pela Palavra de Deus é transformar o rito e a devoção num comportamento de fé e caridade. É-nos pedido viver de Cristo, isto é, a conhecê-Lo, a amá-Lo, a imitá-Lo”, concluiu.

Foto: Igreja Açores/EM

A solenidade do Corpo e Sangue de Cristo celebra-se no 60.º dia após a Páscoa, uma quinta-feira, ligando-se assim à Última Ceia; nos países onde não é feriado civil, a celebração assinala-se no próximo domingo.

Esta festa litúrgica começou a ser celebrada em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 1264, dotando-a de Missa e ofício próprios.

Nas procissões realizadas, o Santíssimo Sacramento passa nas ruas e torna-se vizinho de todos.

Terá chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII e tomou a denominação de festa de Corpo de Deus.

 

 

 

 

 

 

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