Bispo de Angra diz que a exortação apostólica do Papa dá “novo ânimo” à Igreja

D. António de Sousa Braga destaca valorização dos leigos e ação missionária da igreja como resposta aos problemas do mundo de hoje.

A aposta no carisma dos movimentos eclesiais “que podem contribuir para a criação de uma dinâmica nova na Evangelização” e a consequente valorização do papel dos leigos na primeira exortação apostólica do Papa Francisco, A Luz do Evangelho (em português), são para o Bispo de Angra “uma das marcas mais pessoais” deste “longo e denso” documento feito na perspetiva “jesuítica do discernimento”.

 

Em declarações ao Portal da Diocese, o Prelado açoriano, acrescenta que este era o documento que “faltava para nos animar e dar forças para prosseguir na linha do Concílio e combater algumas desilusões criadas pelas adversidades, centrando a Igreja na palavra de Deus e levando-a até às pessoas”.

 

E, sublinha o enfase – “um capítulo longo”-  que o Santo Padre coloca na formação, participação  e empenho dos cristãos na “criação da luz social que possa iluminar a luta contra a pobreza e a exclusão”, seguindo a Doutrina Social da Igreja e a ideia já bastante divulgada pelo próprio Papa de uma Igreja pobre e atenta aos mais fragilizados, que se encontram nas “periferias”.

 

“Comparativamente com a Lumen Fidei, escrita ainda com o Papa Bento XVI, este documento é muito mais revelador do estilo e do pensamento do Papa Francisco apontando, de facto, para uma mudança de postura da Igreja Universal” acrescenta D. António de Sousa Braga lembrando que este documento concentra-se “sobretudo” na renovação da Igreja.

 

“Há um caminho claro de reformulação eclesial da Igreja que nos é proposto, numa linha de valorização do papel missionário que, se for tomado a sério pelas igrejas particulares, vai mexer em muita coisa”, conclui o Bispo de Angra.

 

Relativamente à descentralização nas estruturas eclesiais, por entender  que “uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária”, o Bispo de Angra diz que “é uma opção explicita” no documento e que se traduz quer na reforma do papado quer na “clara valorização” do papel das Conferências Episcopais e a Igreja “tem de estar preparada para o fazer de imediato”, conclui D. António de Sousa Braga.

 

O responsável pela Igreja nos Açores lembra, ainda, que este documento, não se assume apenas como ‘pós-sinodal’ por ultrapassar o âmbito específico tratado na última reunião de bispos católicos, como por exemplo as questões relativas à crise atual nomeadamente a apreciação sobre “os mercados divinizados”, mas desenvolve o tema do anúncio do Evangelho no mundo de hoje, recolhendo o contributo dos trabalhos do Sínodo que se realizou no Vaticano de 7 a 28 de outubro de 2012 com o tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé’.

 

Recordo que o Vaticano deu hoje a conhecer a primeira exortação apostólica do Papa Francisco, um documento com 288 artigos, divididos em cinco capítulos, em que o Papa Francisco deixa claro que a Igreja não vai mudar a sua posição na defesa da vida e pede ajuda para as vítimas de tráfico e de novas formas de escravidão.

 

Francisco, foi o primeiro Papa em seis séculos a ser eleito após uma renúncia do seu antecessor ao pontificado.

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