Bispo de Angra quer igreja diocesana a ouvir os jovens

D.João Lavrador sublinha importância de saber ouvir os jovens e a forma como eles querem ser igreja

O bispo de Angra  quer que no próximo ano pastoral, altura em que se realizará um sínodo de bispos sobre a juventude, a igreja diocesana aproveite o tempo para auscultar e renovar algumas práticas de forma a que os jovens se sintam parte integrante das comunidades.

“Não podemos perder tempo: as novas gerações têm muito para dar à igreja e nós temos de ser capazes de as ouvir, sem cair na tentação de lhes querermos impor a forma como nós vivemos a fé que é diferente e tem de ser diferente da forma em que eles a vivem”, disse D. João Lavrador ao Igreja Açores no seu regresso dos Estados Unidos onde presidiu à XXXI edição das Grandes Festas do Divino Espírito Santo da Nova Inglaterra.

O prelado, que visitou Fall River pela primeira vez, salientou a devoção e a profundidade com que os açorianos da diáspora vivem o culto ao Divino Espirito Santo e como participam na Eucaristia dominical mas lamentou a falta de jovens.

“Eles participam mas não no número que nós gostaríamos nem da forma com que nós o fazemos e a igreja, se os quer ter dentro, tem de saber escutá-los e não impor-lhes a suas tradições sem mais”, acrescentou D. João Lavrador.

“São eles que nos têm de dizer como querem ser igreja, como se querem empenhar na vida da comunidade e de que forma querem viver as tradições. Sabendo escutá-los conseguiremos que eles se envolvam mais; não podemos é impor-lhes as coisas”, acrescentou.

Também hoje na audiência geral, em Roma, os jovens foram o centro da reflexão do Papa Francisco.

“Os jovens que não buscam nada não são jovens, estão como que reformados, envelhecidos antes do tempo. E é triste ver jovens reformados”, frisou Francisco, que convidou os mais novos presentes na audiência a deixarem que Cristo, à semelhança do que fez com os discípulos, “incendeie” os seus corações.

“Jesus ao longo da estrada perguntava: O que buscais? Hoje também quero perguntar a cada jovem que está aqui na praça e àqueles que estão a escutar através dos media: O que procuram? O que busca o vosso coração?”, questionou.

Durante a sua intervenção, o Papa argentino sublinhou a necessidade de não seguir a onda de quem quer uma sociedade “desapontada e infeliz”, ou aqueles que “cinicamente dizem para abandonar toda a esperança”.

“Não escutem aqueles que matam à nascença qualquer entusiasmo, ao dizerem que nenhum objetivo vale o sacrifício de uma vida. Não deem ouvidos aos velhos de coração, que sufocam toda e qualquer euforia juvenil”, alertou Francisco.

Sobre a descoberta de uma vocação, seja para “o casamento, a vida consagrada, o sacerdócio”, o Papa argentino salientou que ela pode acontecer “de muitas maneiras”.

Mas “segundo o Evangelho”, o primeiro passo é o “encontro com Jesus que dá a cada um a alegria e uma nova esperança”.

É nessa descoberta de um sentido para a vida que está o mapa para a “verdadeira vocação”, porque sem um rumo definido, sem um objetivo, não há futuro, não há caminho.

“Um discípulo do Reino de Deus que não esteja alegre não evangeliza o mundo, é um triste” e  “Deus não quer homens e mulheres que caminhem com Ele cheios de incerteza, sem terem no coração o vento da alegria”, apontou Francisco, que mais uma vez interpelou os mais novos:

“E vocês, têm no vosso coração este vento da alegria? Que cada um responda”, incentivou.

Na Praça de São Pedro, o Papa deixou também uma mensagem a toda a Igreja Católica, salientando que a vocação de um verdadeiro cristão é visível “não através da arma da retórica, de palavras e mais palavras”, mas através “da alegria da fé que transborda dos seus olhos”.

E pediu a todas as comunidades cristãs, a todas as pessoas, novas e menos novas, que sejam capazes de “sonhar” com Deus “um mundo diferente”.

“E se esse sonho não vingar, tornem a sonhá-lo de novo”, sempre com a força da “esperança” que vem da memória daquele “primeiro encontro com Jesus”, concluiu.

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