Caminhemos em auscultação

Por Renato Moura

Reuniu, no fim-de-semana alargado, a Assembleia Diocesana (Conselhos Presbiteral e Pastoral) para trabalhar sobre a Caminhada Sinodal. Seis dezenas de presentes, cerca de 60% de presbíteros.

Houve agenda surpresa, palestras formativas e os conselheiros conheceram melhor o pensamento do seu Bispo. Liberdade de inscrição para uso da palavra. Sempre importante: em reunião Ele presente, como prometeu. Muitas opiniões sinceras, directas, frontais, geradoras de concordância ou discordância. A realização de um Sínodo diocesano (o último realizou-se há 461 anos e o Congresso de Leigos quase há 30 anos), não pode recolher unanimidade nos métodos, na identificação dos problemas, nos caminhos, na concretização formal e temporal.

A caminhada fizera-se iniciar por um documento chamado instrumento de trabalho, intitulado “Temas de Estudo”, ele próprio teórico, se não condicionador, lançando um conjunto de perguntas de resposta muito complexa. Foi trabalhado e respondido por presbíteros e leigos, quase exclusivamente dentro das instituições, órgãos e conselhos pastorais da Igreja açoriana. Os documentos em discussão na Assembleia, são produto duma Comissão que procurou recolher e sintetizar quanto julgaram fazer emergir das respostas às perguntas.

Os resultados recolhidos são importantes, mas creio ser já consensual não reflectirem as opiniões dos afastados ou nunca atraídos pela Igreja.

Hoje há instrumentos científicos para sondagens e estudos de opinião. As auscultações amadoras, por mais diligentes que sejam, são mais rápidas, mais baratas, mas não são a mesma coisa.

Os Açores são nove ilhas e muito mais ouvidorias: cada qual é uma realidade, ou várias. Fazer uma síntese regional é generalizar o específico. Seria a Igreja a cair no erro da política. A meta final é Jesus, todavia os veículos e os caminhos têm de ser os apropriados a cada ambiente.

Se queremos uma Igreja inclusiva, à maneira de Jesus, fomente-se o desejo de inserção. Querendo cultivar, é indispensável avaliar o terreno. É preciso conhecer a massa para lhe introduzir fermento de transformação. Só entendendo os sinais dos tempos e os problemas poderemos estudar soluções e construir uma Igreja renovada.

Do Evangelho: o homem prudente edificou a sua casa sobre a rocha; o insensato sobre a areia.

A Caminhada Sinodal, como foi assumido na Assembleia, continuará a ser em auscultação “incluindo aos que estão de fora com a maior eficácia possível”. É que a Igreja não existe para si mesma. E o Sínodo é para mudar a Igreja nos Açores.

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