Candidatura das Romarias Quaresmais à UNESCO conta com o apoio do Governo açoriano e da autarquia de Ponta Delgada

Romeiros iniciam comemorações dos 500 anos de romarias quaresmais

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, enalteceu o legado e o futuro das romarias quaresmais de São Miguel, reiterando que “tudo” fará apoiar o objetivo de tornar o fenómeno Património Imaterial da Unesco.

Falando em Ponta Delgada, na sessão formal de abertura das comemorações dos 500 Anos das Romarias Quaresmais de São Miguel, que teve lugar esta manhã em Ponta Delgada, no salão nobre da Cãmara Municipal, José Manuel Bolieiro lembrou a “resiliência de uma identidade” que foi forjada com as romarias, uma “prática secular que hoje se transformou num verdadeiro património cultural e material” do povo.

“Bem hajam aos romeiros de hoje, aos de todos os tempos, eles e elas, mais novos e mais velhos. Pelo passado, teremos futuro”, prosseguiu o governante.

“Tornar as romarias Património Imaterial da Unesco seria um “ato de justiça e reconhecimento”, acrescentou ainda.

Também o Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, manifestou o seu apoio à candidatura das Romarias Quaresmais de São Miguel a Património Cultural Imaterial da UNESCO.

O autarca, enalteceu a resistência e resiliência dos romeiros que “ao longo destes cinco séculos enfrentaram muitas adversidades políticas, económicas e bélicas e souberam sempre dizer presente e assumir com responsabilidade o legado recebido dos seus antepassados e o desígnio de passar às novas gerações esse compromisso com Deus”.

“As romarias marcam a identidade de um povo”, vincou salientando que são “um ato de amor dos micaelenses à terra e aos céus. À terra, por se fundamentarem num culto de peregrinação iniciado no século XVI face às fortes crises sísmicas que atingiram a ilha de São Miguel, devastando na ilha populações inteiras, por nos serem inerentes os fenómenos naturais que a nossa origem vulcânica e localização atlântica propiciam. Aos céus, porque esta é uma peregrinação de prece, que se manteve e mantém durante décadas e séculos, por forte crença na proteção divina na salvaguarda do amor ao próximo e no propósito da paz, do corpo, da alma e do mundo”.

A abertura da sessão ficou a cargo de Susana Goulart Costa, que proferiu uma palestra intitulada “Romeiros de São Miguel: a resistência de uma fé”.

A Historiadora destacou a capacidade de resistência das Romarias aos terramotos, crises económicas, guerras, orientações políticas e fiscalização religiosa e uma história feita de avanços e recuos que demonstra inteligência e uma capacidade de sobrevivência notória.

João Carlos Leite, Presidente do Grupo Coordenador Movimento de Romeiros de São Miguel, afirmou que o movimento está determinado em levar por diante a candidatura nacional e internacional das romarias a património mundial da humanidade.

O responsável que há muito acalenta este desejo afirmou que o processo de reconhecimento nacional da relevância destas romarias está adiantado, seguindo-se depois a candidatura internacional à Unesco.

Para João Carlos Leite, as Romarias assumem-se como uma singular manifestação de fé mas o que delas resulto socialmente é também muito relevante. O dirigente sublinhou a intervenção social de alguns ranchos . Também o presidente da Assembleia Geral do Movimento de Romeiros de São Miguel, Humberto Bettencourt, expressou a alegria pela data que estão a assinalar e que representa um marco histórico para os Açores e para a toda a igreja católica, revelando que existem 2700 irmãos romeiros, repartidos por 53 ranchos.

Os romeiros percorrem quilómetros na ilha de São Miguel, a pé, durante uma semana, usando um xaile, um lenço, um saco para alimentos, um bordão e um terço, entoando cânticos e rezando.

Os romeiros pernoitam em casas particulares ou em salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e entrar nas localidades logo a seguir ao por do sol.

A média de elementos de cada grupo ronda os 50 homens e as romarias devem cumprir um percurso sempre com o mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e ermidas de São Miguel.

O inicio das romarias em São Miguel está associado ao vulcão de 1522, em Vila Franca do Campo.

O evento desta manhã contou com a presença de diversas entidades civis, militares e religiosas.

A seguir à sessão solene na Câmara de Ponta Delgada foi inaugurada uma exposição sobre as romarias, que irá percorrer os vários concelhos da ilha de São Miguel.

A manhã de celebrações terminou com uma Celebração Eucarística na Igreja Matriz de São Sebastião, a onde, esta noite, se realizará um concerto com a Associação Musical Vox Cordis.

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