Cardeal-patriarca critica cultura de «rejeição dos outros», na abertura da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa

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O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, alerta para as consequências do terrorismo e a persistência da crise financeira, na abertura da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorre em Fátima e na qual participa o Bispo de Angra, D. João Lavrador.

“Não está superada a ‘crise’ financeira do final da década anterior, com as respetivas consequências no setor do trabalho e da subsistência de quem não o tem”, alertou o presidente da CEP.

D.Manuel Clemente aludiu depois a “gravíssimos problemas” como “os fundamentalismos, o terrorismo ou a insegurança”.

Segundo o cardeal-patriarca, estas questões “interligam-se num fundo comum de desconhecimento e até rejeição dos outros”.

Numa alusão à atua crise migratória, o responsável lamentou que não tenha havido capacidade de integrar na sociedade e nos “valores civilizacionais básicos” da Europa muitas pessoas provenientes de outras partes do mundo, criticando “um duvidoso ‘multiculturalismo’ autênticas bolsas de mútua exclusão, propícias a atitudes de grande violência”.

“Não se encontrou ainda uma solução capaz para o surto incomum de migrantes e refugiados que procuram no nosso Continente as condições básicas de vida que a guerra e outras causas negativas destruíram nas suas terras de origem”, advertiu.

O presidente da CEP cita o Papa Francisco como exemplo de atenção às “periferias” e de promoção de uma “solidariedade efetiva com quem sofre”.

D.Manuel Clemente recorda, a este respeito, a encíclica ‘Laudato si’, pedindo uma receção “persistente e profunda” deste texto, que “propõe uma resposta integrada e harmónica” para as problemáticas que afetam a humanidade.

O cardeal-patriarca sublinha que a proposta do Papa evita que o mundo sociopolítico fique nas mãos de um “jogo dos interesses mais ou menos confessados de grupos e países”.

Por outro lado, recordou que a Igreja Católica recusa a eutanásia como solução para situações de sofrimento, recordando a recente nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) a este respeito.

“Alertamos para que, com uma hipotética legalização da eutanásia, que de todo rejeitamos, «há o sério risco de que a morte passe a ser encarada como resposta a essas situações”, disse D. Manuel Clemente na abertura dos trabalhos da Assembleia Plenária da CEP.

A 14 de março, o Conselho Permanente da CEP divulgou a nota pastoral intitulada ‘Eutanásia: o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador’.

D.Manuel Clemente realçou a necessidade de intervir no debate atual na sociedade portuguesa em torno deste tema, para promover “um diálogo sereno e humanizador”.

“Não nos alheamos do sofrimento de muitos e da falta de resposta que ainda encontra, por carências de várias ordem, que podem e devem ser colmatadas”, acrescentou.

Citando a referida Nota Pastoral, o presidente da CEP sustentou que “não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre”.

A 189ª Assembleia Plenária da CEP, órgão máximo do episcopado católico, conclui-se esta quinta-feira, com a apresentação aos jornalistas do comunicado final e dos documentos aprovados pelos bispos, às 14h00.

(Com Ecclesia)

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