Circuitos de turismo religioso nos Açores precisam ser impulsionados

A ideia foi deixada ao Portal da Diocese pelos reitores de dois dos cinco santuários diocesanos dos Açores na véspera das primeiras jornadas nacionais da Pastoral do Turismo, que se realizam em Fátima a 10 e 11 de janeiro.

A Igreja, por si, ou em parceria, “poderia promover um ou mais circuitos de turismo nos Açores”, tendo em conta os tempos litúrgicos mais fortes ou solenidades, que tipificam a religiosidade destas ilhas como as Festas do Espírito Santo, Senhor Santo Cristo, em São Miguel e Graciosa, Bom Jesus, no Pico, Nossa Senhora dos Milagres, na Terceira, entre outras, disse ao Portal da Diocese o reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, na ilha Terceira, Francisco Dolores.

 

Igreja da Conceição em Angra - Santuário
Igreja da Conceição em Angra

Questionado sobre a importância dos Açores possuírem roteiros turísticos assentes no segmento de turismo religioso, a menos de uma semana da realização das primeiras jornadas nacionais da Pastoral do Turismo, que decorrerão entre 10 e 11 de janeiro em Fátima, o responsável pelo santuário mariano que acaba de celebrar as suas bodas de prata, adianta que nos Açores existe um vasto património arquitetónico (217 igrejas, 290 ermidas, 32 conventos e 10 capelas), mas “sobretudo espiritual, com raízes, bem específicas que deve ser potenciado”.

 

Santuário Bom Jesus no Pico

“Para potenciar o turismo religioso ligado a estes Santuários será necessário começar por estruturar um elo de ligação entre os mesmos, através de uma ação pastoral conjunta, que apresente orientações concretas na forma de atuar nos diferentes âmbitos  da sua missão: pastoral, espiritual, sacramental, celebrativa e de formação cristã”, acrescentou ao Portal da Diocese o reitor do Santuário do Senhor Bom Jesus, em São Mateus do Pico, Pe Marco Martinho.

 

Nos Açores existem cinco santuários em quatro ilhas – Senhor Santo Cristo dos Milagres, em Ponta Delgada, Nossa Senhora da Conceição em Angra do Heroísmo, Nossa Senhora dos Milagres, na Serreta, Santo Cristo da Caldeira, em São Jorge e Senhor Bom Jesus, em São Mateus do Pico.

 

“Um roteiro turístico teria que abranger estas quatro ilhas e os seus santuários, promovendo as suas festividades principais assim como a dinâmica de cada um ao longo de todo o ano, tendo-se em conta, também, as potencialidades naturais e culturais das ilhas onde estão inseridos”, acrescentou Marco Martinho.

 

Por isso, nos Açores a pastoral do turismo “deverá abranger não só os santuários mas todas as ouvidorias numa coordenação diocesana que responda eficazmente às solicitações dos cristãos que nos visitam”, conclui o reitor do santuário picoense.

“Igreja e Turismo”; “Património Religioso e Turismo”; “Santuários e Peregrinações”; “Serviços Diocesanos de Pastoral do Turismo: práticas em curso” e “Santuário de Fátima: exemplo de acolhimento e de evangelização”, são os conteúdos temáticos das jornadas organizadas pela Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT), na próxima semana, que serão divididos em quatro mesas e uma conferência, revela a ONPT em comunicado a que o Portal da Diocese teve acesso.

Durante estas jornadas, que se destinam ao público em geral, com especial indicação para os agentes que operam na área do turismo, sacerdotes e representantes de cada uma das dioceses de Portugal, os participantes vão poder fazer uma visita guiada ao Santuário de Fátima.

“A Igreja deve estar presente onde estiver a pessoa humana” e por isso, “também deve estar no turismo, onde se movimentam milhões de pessoas e, por razão acrescida, no designado turismo religioso”, diz o reitor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição na Ilha Terceira, Pe Francisco Dolores.

 

Ora isso, só se consegue “ se houver sensibilidade pastoral, num fenómeno que ultrapassa as fronteiras dos países e continentes, desde os primeiros séculos, sobretudo, com as chamadas peregrinações aos Lugares Santos, Terra Santa, Roma, Santiago de Compostela, e posteriormente Lurdes, Fátima, Guadalupe (México), Aparecida (Brasil) e muitos outros marcos que nos tragam à memória o Caminho da Igreja, através dos tempos e lugares”, acrescenta o sacerdote.

 

Uma opinião partilhada também por Marco Martinho que afirma ser necessário “saber responder aos anseios” dos que visitam os santuários “começando pela forma como acolhemos os peregrinos e os orientamos espiritualmente” pois “para cativar mais pessoas a visitar estes espaços sagrados teremos que os apresentar como lugares especiais de encontro entre Deus e o homem e entre o homem e Deus”, conclui.

 

Nos Açores, o Santuário com maior visibilidade e projeção é, sem dúvida, o do Senhor Santo Cristo que consegue reunir, no fim de semana maior da festa, cinco domingos após a Páscoa, milhares de pessoas que convergem para a maior cidade açoriana, Ponta Delgada. Aliás, as Festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres constituem, de há muito tempo a esta parte, a segunda maior celebração de massas em Portugal, a seguir às festas de Fátima.

 

“Aproveitar essa oportunidade” para abranger outros santuários “seria muito interessante”, acrescentou ao Portal Francisco Dolores, que não deixa de apontar também a época do inverno como uma mais valia propicia a desenvolver uma pastoral de turismo de encontros, retiros, seminários.

 

Aliás, refira-se que em Angra, neste Santuário de Nossa Senhora da Conceição, elevado por D. Aurélio Granada Escudeiro e esse estatuto, a 8 de Dezembro de 1987, decorreu o I Encontro de Santuários Marianos Portugueses, promovido entre 14 e 16 de Novembro de 2003, de que foi editado um livro com as diversas intervenções, contribuindo para a projeção deste espaço, que tem associada uma confraria que se tem batido pela recuperação do património do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, em Angra do Heroísmo.

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