Colecionador promove presépio tradicional dos Açores nos EUA há 17 anos

Ex vereador da Câmara da Lagoa leva artesanato à diáspora

O colecionador Roberto Medeiros, que já levou por duas vezes à Casa Branca o tradicional presépio da Lagoa, nos Açores, promove há 17 anos nos Estados Unidos a arte bonecreira, tendo realizado este ano cinco exposições naquele país.

“Depois da inauguração do Museu do Presépio da Lagoa, em 1996, pelo então primeiro-ministro António Guterres, decidimos levar os presépios para as comunidades de emigrantes. A primeira vez que uma exposição do presépio da Lagoa saiu foi para a cidade de Toronto [Canadá]”, declarou o empresário e antigo vereador da Cultura da Câmara Municipal da Lagoa.

A tradição do fabrico de bonecos na Lagoa teve o seu início com a ida de oleiros de Vila Nova de Gaia para o concelho (na ilha de São Miguel), em 1872, tendo os locais aprendido a arte.

Após o horário de trabalho, os locais produziam os bonecos em barro para venderem pelas ruas da Lagoa, para ajudar no orçamento familiar, sedimentando-se assim a tradição.

Roberto Medeiros – que possui cerca de 500 presépios de todo o mundo e é membro da organização Friends of the Crèche (Amigos do Presépio) desde 2013 – começou por realizar uma primeira exposição nos Estados Unidos da América (EUA) na cidade de New Bedford, em 1999.

Ficou “muito entusiasmado”, uma vez que estiveram na abertura cerca de 600 pessoas.

Em New Bedford, e noutras cidades dos EUA na costa leste, como Fall River, existe uma expressiva comunidade de emigrantes portugueses, de origem açoriana, de onde partem todos os anos convites para que se instalem presépios da Lagoa em galerias de arte, museus, universidades e santuários, segundo o colecionador.

Roberto Medeiros referiu que 54 instituições assinaram um protocolo de colaboração para que se continue a realizar exposições do presépio da Lagoa, que já foi adquirido por alguns grandes colecionadores.

Por exemplo, Jim Govan, da organização Friends of the Crèche, possui cerca de seis mil presépios e é responsável por exposições na Casa Branca.

“Para nós é um feito ter levado um presépio da Lagoa à Casa Branca, da responsabilidade do bonecreiro António Morais, já por duas vezes, estando este bem representado em várias partes do mundo”, disse Roberto Medeiros, acrescentando que este está presente no Museu de Antropologia da Universidade de Berkeley, na Califórnia, e na Universidade de São José, onde já promoveu conferências sobre a arte bonecreira.

O concelho da Lagoa possui vários artistas que trabalham bonecos para os tradicionais presépios.

(Com Lusa)

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