Comissão Diocesana Justiça e Paz preocupada com “flagelo social que é a pobreza” lembra que “todos estamos ao serviço da paz”

Nota para o Dia Mundial da Paz apela a toda a comunidade política açoriana para que não esmoreça na promoção de políticas justas que promovam o bem comum

A Comissão Diocesana Justiça e Paz, nomeada no passado dia 18 de dezembro, acaba de emitir uma nota para o Dia Mundial da Paz, que se assinala amanhã, onde apela a um compromisso generalizado da comunidade política e da sociedade civil na luta pela defesa de condições de vida digna e justa para todas as pessoas.

“A verdadeira paz constrói-se com todos os cidadãos e quando todos os cidadãos tiverem condições dignas para viver essa paz. Consideramos que a educação e a promoção social dos mais desfavorecidos é uma tarefa imprescindível e apelamos a todas as estruturas da Igreja nos Açores a que colaborem incansavelmente neste desafio”, refere a nota .

A partir da Mensagem do Papa Francisco para o 52º Dia Mundial da Paz, que se assinala no primeiro dia de janeiro, a Comissão lembra que a Paz é fruto de um grande projeto político que exige o esforço de todos. E deixa um apelo às autoridades políticas regionais:  “a Comissão Diocesana Justiça e Paz congratula-se com esta Mensagem do Santo Padre e apela a toda a comunidade política açoriana para que nunca esmoreça na sua luta pelas principais causas de uma política justa, a saber, a primazia do Bem Comum, da dignidade e dos direitos fundamentais de todos os cidadãos, principalmente dos mais desfavorecidos, a promoção de um desenvolvimento sustentado e a construção de uma paz que não seja apenas ausência de conflitos”, refere a nota intitulada “Todos estamos ao serviço da Paz”.

Focada nas questões centrais da Doutrina Social da Igreja, e por conseguinte nas questões sociais, a Comissão sublinha “a grande preocupação” com que encara “o autêntico flagelo social” que é a pobreza na Região Autónoma dos Açores, noticiada nos últimos meses, destacando que “nenhum açoriano se pode conformar com essa realidade assustadora”.

“Quando mais de 30% dos açorianos vivem abaixo do limiar da pobreza, não podemos deixar de nos encarar com um défice de paz” frisa o texto.

“Não podemos desculpar-nos relegando a solução deste flagelo para a comunidade política. Todos, e os cristãos sobremaneira, temos o dever de consciência de envidar todos os esforços ao nosso alcance para que um número cada vez maior de cidadãos tenha uma vida o mais digna possível a nível económico e social” esclarece ainda lembrando que a pobreza não deve ser vista a partir de uma visão “fatalista”.

“ É frequente encararmos, com uma visão fatalista, a pobreza nos Açores, e ver nela uma questão de difícil solução por ser um fenómeno estrutural, endémico, localizado, que gera cidadãos subsídio-dependentes. Esta visão considera o Outro, o pobre, como um ser humano de segunda classe, que não merece o respeito porque, por exemplo, recebendo o Rendimento Social de Inserção, compra um telemóvel de última geração enquanto os filhos passam fome. Não podemos fechar os olhos a essa situação nem podemos simplesmente apontar o dedo, desculpando a nossa pecaminosa indiferença”, afirma a nota.

Na nota, que escalpeliza toda a Mensagem do Papa para o 52º Dia Mundial da Paz, assim designado desde o pontificado do Papa São João Paulo II, a Comissão Diocesana Justiça e Paz, presidida pelo professor Aurélio da Fonseca e que que tem como assistente espiritual o Pe. José Júlio Rocha, a Comissão destaca ainda a oportunidade e o sentido da Mensagem do Santo Padre.

“Nesta Mensagem, a preocupação do Santo Padre, neste momento da História, volta-se para os políticos e para uma política que crie condições para um futuro digno e justo, no respeito pela vida, liberdade e dignidade humanas” contextualiza a nota.

“A boa política, de facto, está sempre ao serviço do bem comum, sobretudo quando é animado pela caridade e não apenas pelo empenho secular e político”, afirma ainda esclarecendo que “a boa política” é orientada para o “bem comum e não para os próprios interesses, quando tem profunda consciência do seu papel, quando irradia credibilidade, quando é coerente, quando realiza a unidade, quando se compromete na realização de uma mudança radical para o bem, quando sabe escutar e dialogar, quando não tem medo”.

A nota termina com um excerto do Magnificat, tal como o texto da mensagem do Papa Francisco.

A Comissão Diocesana Justiça e Paz  é um organismo de leigos, particularmente atento ao diálogo Igreja, Sociedade e Cultura. De resto, D. João Lavrador lembra no decreto em que nomeia a Comissão, que já reuniu na ilha Terceira no passado dia 17 e no dia 21 em São Miguel,  que “o diálogo entre a Igreja Diocesana e o mundo de hoje requerem um conhecimento quer da Doutrina Social da Igreja quer das realidades que afetam a sociedade e a cultura atuais” para o qual este organismo laical pode dar um contributo importante “para melhor exercer a missão de evangelização” da Igreja.

O decreto episcopal de nomeação da nova Comissão Diocesana Justiça e Paz, tem a data do dia 18 dezembro e nomeia ainda como membros desta Comissão, um dos mais importantes organismos laicais da Igreja, Marcos Couto, empresário; Benvinda Borges, sindicalista; Nuno Martins docente da Universidade Católica do Porto; Marta Barcelos, mestre em bio-ética; Vasco Capaz, coronel do Serviço regional de Proteção Civil; Adolfo Fialho, docente da Universidade dos Açores; Magda Carvalho, docente da Universidade dos Açores; Piedade Lalanda, docente da Universidade dos Açores e Rolando Lalanda Gonçalves, docente da Universidade dos Açores.

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