“Compreender que a humanidade é mais do que um país é o passo que falta dar alcançarmos a verdadeira fraternidade” afirma padre José Júlio Rocha

Foto: Igreja Açores

Teólogo Moralista foi o conferencista convidado pela Confraria do Santíssimo Sacramento da Matriz de Nossa Senhora da Estrela, na Ribeira Grande para falar sobre a “Fraternidade Universal e a amizade social” a partir da encíclica do papa Francisco, Fratelli Tutti

A globalização do amor e o bem comum universal que ela implica exige que os políticos compreendam que “a humanidade é mais do que um país” afirmou esta noite, na Ribeira Grande, o padre José Júlio Rocha no âmbito de uma conferência sobre “A fraternidade e a amizade social” a partir da encíclica Fratelli Tutti (Todos Irmãos) desenvolvida pelo Papa Francisco durante a pandemia, promovida pela Confraria do Santíssimo da paróquia de Nossa Senhora da Estrela da Ribeira Grande.

“O Papa Francisco salienta que o bem comum é gradativo, isto é,  a família é mais do que o indivíduo; a comunidade é mais do que a família; a região é mais do que a comunidade e aquilo que a maior parte dos políticos ainda não percebeu é que a humanidade é mais do que um país” afirmou o teólogo moralista, pároco das paróquias de Porto Martins e Fonte do Bastardo, na ilha Terceira.

“É este o passo que falta dar para haver um bem comum universal” frisou o sacerdote ao desenvolver dois conceitos fundamentais deste documento do magistério: a fraternidade universal e a amizade social. O sacerdote recordou as circunstâncias em que o Papa escreveu este documento- as guerras, o recrudescimento dos extremismos, a pandemia- destacando que neste texto “político” a principal preocupação do Papa foi mostrar que estando todos no mesmo barco ninguém se salvará sozinho.

“Ou nos salvamos juntos ou nos perdemos juntos com as nossas opções do ponto  vista bélico, ambiental, económico ou social” afirmou o padre José Júlio Rocha, alertando para a necessidade de não se repetirem alguns erros históricos.

“Foi precisa a destruição da segunda Guerra Mundial para criarmos a ONU, que hoje tem pouco valor por causa da desvalorização que os Estados fizeram dela; esperamos que não seja precisa uma nova catástrofe mundial, seja de que natureza for, para que os homens compreendam que estamos nisto juntos, isto é, só se nos preocuparmos uns com os outros e respeitarmos o é diferente nos poderemos salvar”, afirmou o sacerdote, destacando a esperança do papa Francisco contida nesta encíclica.

“Nós apostámos muito na igualdade e na liberdade mas esquecemo-nos da fraternidade” referiu ainda salientando os três princípios da Revolução Francesa.

“A amizade e fraternidade entre diferentes baseia-se no diálogo e no respeito, tendo em conta que a política tem como principio fundamental o bem comum” disse ainda frisando que “se todos queremos o bem comum, embora escolhamos caminhos diferentes para o alcançar então os adversários não podem ser nossos inimigos”, concluiu o assistente da Comissão Diocesana Justiça e Paz.

” A Confraria do Santíssimo Sacramento da Matriz de Nossa Senhora da Estrela imbuída do espírito de serviço e Missão Evangelizadora da Igreja e inspirada na mensagem do Papa Francisco, na sua Encíclica Fratelli Tutti que nos exorta, a refletir, a fim de que, perante as várias formas atuais de eliminar ou ignorar os outros, sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social que não se limite a palavras na sociedade e entre os cristãos” disse Filomeno Gouveia, provedor da Confraria.

 

Scroll to Top