Do Pico

Com Pe Marco Martinho.

É preciso devolver ao Pico a força da juventude

A ilha do Pico é a segunda maior do arquipélago em extensão mas uma das que mais tem sofrido os efeitos da desertificação. Por isso, não admira que para a igreja local o grande desafio sejam os jovens e a pastoral juvenil de forma a que frutifiquem os laços que unem os jovens à igreja.

O ouvidor eclesiástico da ilha desenvolve esta missão de coordenação desde 2003, altura em que a ilha projectou a transição de ouvidorias, correspondentes aos três cocnelhos- Lajes, São Roque e Madalena- para uma só.

“Nos primeiros anos e ainda antes da criação da ouvidoria do Pico unir territorial e pastoralmente esta ilha foi o principal desafio com que me deparei” disse ao Igreja Açores o Pe. Marco Martinho, 41 anos, 17 de sacerdote, sempre a servir na ilha montanha.

“Hoje já conseguimos esta unidade pastoral respeitando as diferenças que existem entre as diferentes comunidades mas procuramos que todas elas cresçam com a mesma atenção e as mesmas oportunidades” disse ainda o sacerdote que acredita na ideia de que a “unidade pastoral” é um desafio “em constante construção”.

“A nossa vida de igreja é sempre uma vida de desafios, construção. Somos a igreja peregrina sobre a terra e como tal temos coisas para construir e o papel de ouvidor é  promover a concertação entre padres, entre comunidades para que cresçamos na fé em conjunto e consigamos ser coerentes nas nossas vidas concretizando a fé que professamos”, referiu.

“Há uma dimensão pastoral nesta missão e contamos com todos para sermos uma igreja ao jeito do Senhor Bom Jesus”, precisou.

Aliás é nesta ilha que existe um dos cinco santuários diocesanos: o santuário do Senhor Bom Jesus Milagroso que anualmente, no dia 6 de agosto, acolhe milhares de peregrinos vindos dos Açores e da diáspora numa das expressões de religiosidade popular mais vivas do arquipélago.

A ilha do Pico possui 19 paróquias, muitas delas entregues aos pares a um sacerdote e sete padres, com a ajuda de um oitavo que ajuda na pastoral. A maior paróquia tem 2500 pessoas e a ilha não deve ultrapassar as 15mil pessoas.

“São realidades muito diferentes e dispersas pela ilha que é grande e que está muito envelhecida”, refere ainda. Talvez por isso a expressão da pastoral juvenil se cinja apenas aos escuteiros.

“É difícil fazer grupos de jovens no Pico” adianta lembrando que mesmo assim a ilha já foi viveiro de grandes vocações. Só no século XX deu cinco bispos. Todos rumaram a oriente.

Atualmente a ilha tem a representá-la um seminarista que está no primeiro ano do curso de teologia do Seminário Episcopal de Angra.

“O facto de termos algumas actividades económicas em crescimento como o trabalho da vinha ou o turismo, acreditamos que possam ser sinais de mudança e, sobretudo, de esperança” refere por outro lado o sacerdote que vê aqui uma oportunidade para fixar jovens que saem para estudar e não regressam por falta de oportunidades de trabalho.

“Continuamos a rezar. Gostaríamos de criar um pré seminário na ilha para podermos criar um espaço para que possam desabrochar novas vocações, vamos ver se tal será possível nos próximos meses. Coordenador já temos”, conclui.

A ilha do Pico terá sido encontrada em 1460 e em 1482, foi integrada na Capitania do Faial pela Infanta D. Beatriz.

Em 1501, Lajes do Pico foi elevada a Vila e sede de concelho ; em 1542 foi a vez de São Roque do Pico e em 1712 , a de Madalena, confirmando a sua importância económica como porto de ligação com o Faial, e também como local de residência dos proprietários dos extensos vinhedos da zona, já então produtora de vinho, o Verdelho do Pico.

Além da agricultura (trigo, pastel), da pecuária e da pesca, a economia da ilha, desde o início do povoamento, foi marcada pelo cultivo da vinha e a produção de vinho.

A sua cultura foi apurada, ao longo dos séculos, com o auxílio dos frades Franciscanos, Dominicanos e, mais tarde, Jesuítas, nos séculos XVII e XVIII.

No contexto da Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), quando da ofensiva liberal do 7.º conde de Vila Flor, a ilha do Pico foi ocupada sem resistência pelos liberais (1831).

Em meados do século XIX, a produção de vinho sofreu um rude golpe com o ataque do Oídio (1852) que, oriundo dos Estados Unidos, destruiu as cepas de vinha europeias. A recuperação foi lenta e fez-se à base de novos bacelos. Como alternativa, desenvolveu-se o cultivo de frutos como as laranjas, maçãs, pêssegos e figos (estes dois últimos também utilizados na produção de aguardente), que rapidamente atingiu níveis capazes de suportar a exportação no circuito regional.

No mesmo período, a ilha foi o principal centro baleeiro no período áureo da caça ao cachalote, tendo conseguido ultrapassar o declínio que resultou da cessação da caça, no último quartel do século XX, com a pesca do atum e a indústria de conservas, e, mais recentemente, com a valorização turística associada à observação de cetáceos.

Em Julho de 2004, a UNESCO considerou a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico como Património da Humanidade. A área assim classificada engloba os lajidos das freguesias da Criação Velha e de Santa Luzia. O Parque Natural da ilha do Pico, engloba a área da Montanha do Pico e Planalto Central assim como outras zonas de proteção especial.

A paisagem vulcânica da ilha do Pico foi considerada uma das 7 Maravilhas Naturais de Portugal.

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