Diretor espiritual do Seminário de Angra desafia catequistas a “serem o rosto da misericórdia” junto das crianças

Ouvidoria da Terceira promoveu encontro com mais de 150 catequistas

Os catequistas devem “ser o rosto da misericórdia junto das crianças” e para isso devem ter presentes quatro desafios: saber acolher, abraçar, perdoar e ensinar o valor das obras de misericórdia, disse o diretor espiritual do Seminário Episcopal de Angra durante um encontro que reuniu esta sexta feira à noite 150 catequistas da ilha Terceira.

A iniciativa, promovida pelo Secretariado Diocesano para a Evangelização e Catequese, insere-se num âmbito formativo e preparatório para o ano Santo da Misericórdia, que se inicia no próximo dia 8 de dezembro.

“Se formos capazes de nos olharmos uns aos outros sem nos julgarmos e se o nosso olhar for de ternura, como nos pede o Papa Francisco, seremos um sinal de misericórdia, ensinando as nossas crianças a olhar o outro com uma atitude de entreajuda”, disse o pe Gregório Rocha.

O sacerdote iniciou a sua preleção com uma referência à bula de proclamação do jubileu Extraordinário da Misericórdia- Misericordiae Vultus- sublinhando esse desafio feito pelo Papa Francisco para que cada cristão experimente e viva a misericórdia para depois ser dela testemunha.

Dissertando sobre a etimologia da palavra e o seu significado, o Pe Gregório Rocha lembrou que os catequistas “são para muitas crianças o rosto da igreja e da misericórdia que não têm em casa” e por isso “têm uma enorme responsabilidade”.

“Quando cada um de vós abraça uma criança está a fazer o mesmo que o Papa Francisco e por isso ao acolhe-la está a abrir-lhe a porta da misericórdia” disse o sacerdote, valorizando os gestos do Papa não “por terem graça mas para serem imitados de facto por todos os cristãos”.

“Se nós nos entusiasmamos com estes gestos mas depois não os interiorizamos e não os pomos em prática, um dia que o Papa deixe de o ser perde-se tudo”, frisou ainda.

O professor de Teologia do Seminário de Angra desafiou, também, os catequistas a valorizarem o perdão e a viverem-no uns com  os outros.

Falou, por outro lado, da necessidade de “reatualizar” o sentido e o ensinamento das obras de misericórdia corporais e espirituais “despertando nas crianças e jovens da catequese o valor e o interesse do outro, ensinando-as a partilhar”.

Para o sacerdote uma das formas de transmitir esta dimensão da misericórdia é através das oito parábolas no Evangelho de Lucas, que a partir deste domingo é o evangelista em destaque.

“É importante explorar a grandeza de Deus manifestada nas parábolas. Deus só quer que sejamos felizes, no aqui e agora das nossas vidas, cientes de que a felicidade só se alcança na relação com o outro” disse o pe Gregório Rocha acentuando que este sentido de “comunidade é dado justamente a partir da catequese paroquial”.

Depois de um  momento de partilha em que algumas das catequistas presentes lamentaram “ a falta de aposta da família na catequese” e o “desinteresse quer de alunos quer dos pais”, o responsável pelo Serviço Diocesano de Apoio à Evangelização e Catequese, o Pe António Henrique Pereira, insisitiu na responsabilidade dos catequistas em olhar para as crianças com misericórdia pois a catequese é, “para muitos o único ponto de contacto com a igreja e por isso ninguém pode desistir deste desafio mesmo quando há sinais adversos”.

“Deus quer que sejamos suas testemunhas e, neste sentido, não podemos desistir”.

Das 33 paróquias da ilha Terceira apenas 8 estiveram ausentes sem qualquer representação da catequese.

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