Igreja católica nos Açores “promove a unidade e autonomia” açorianas

Bispo de Angra reflete sobre a diocese que “comanda” há quase duas décadas

A Igreja católica nos Açores “é a primeira e a mais antiga instituição que exprime e promove a unidade e autonomia açorianas”, afirma o Bispo de Angra num texto de opinião à cerca da realidade diocesana, publicado esta quinta feira no Semanário Digital Ecclesia.

“Efetivamente, o povoamento dá-se à volta da comunidade eclesial, que tem o seu centro na igreja, onde as pessoas se reúnem e celebram a sua fé”, diz D. António de Sousa Braga que sublinha a importância das “comunidades viverem em clima de vizinhança”.

Num texto no âmbito de um trabalho desenvolvido pela Agência Ecclesia sobre a Diocese de Angra, no momento em que se prepara para acolher um novo bispo, por agora coadjutor mas com direito à sucessão, o prelado diocesano lembra que a “Igreja Católica não é uma espécie de empresa multinacional, com filiais espalhadas pelo mundo inteiro”, mas sim “o conjunto de Igrejas Particulares, presentes e operantes no mundo, mas não é a soma delas, nem uma sua federação”.

Isto significa, prossegue o bispo de Angra- “ que a Igreja Diocesana não é uma espécie de Província da Igreja Universal, mas nela está e opera toda a Igreja de Cristo, que assim se torna presente num determinado lugar” e , “por ser constituída por uma porção concreta de humanidade, com uma língua e cultura próprias, com uma história e visão do mundo específicas, cada Igreja diocesana tem um rosto próprio e uma maneira peculiar de inculturar o Evangelho. Quer dizer, a Diocese deve realizar, na área humana em que está inserida, a identidade da única Igreja de Cristo”.

Por isso, adianta D. António de Sousa Braga “amar e servir a Igreja significa amar e servir o povo que constitui uma determinada Igreja Particular, com as suas caraterísticas”.

Segundo o prelado cada uma destas igrejas deve viver de acordo com um conjunto de orientações. Este ano a Diocese de Angra está particularmente centrada na Misericórdia e no ano Jubilar.

A este propósito o Bispo de Angra propõe também algumas considerações, primeiramente sobre o que é ter misericórdia- “consiste na capacidade de se compadecer, pondo-se no lugar do outro, como Jesus, que Se fez um de nós, revelando-nos o amor misericordioso do Pai”- e pede aos cristãos para serem como Jesus: misericordiosos.

Para isso, avança o prelado, há que adotar uma nova postura: sair em missão.

“A pastoral em chave missionária exige o abandono deste cómodo critério pastoral: ‘fez-se sempre assim’! Convido todos a serem ousados e criativos, nesta tarefa de repensar os objetivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respetivas comunidades” diz o prelado citando o artigo 30 da exortação apostólica do papa Francisco A Alegria do Evangelho.

“O Ano Santo da Misericórdia é uma oportunidade para desencadear esse processo, com iniciativas, que ajudem a um melhor conhecimento da nossa realidade. Neste mundo em mudança, quais são as novas periferias, em que urge intervir? Não apenas com a esmola, mas desencadeando um processo de autêntica promoção humana e social…nos ambientes, onde as pessoas sofrem e precisam, portanto, de amor, que se exprima em autêntica misericórdia”, conclui D. António de Sousa Braga.

Este artigo do prelado diocesano é um dos trabalhos apresentados pelo Semanário Digital Ecclesia que na edição desta semana dedica uma atenção especial à diocese de Angra, a onde chegará este fim de semana o novo Bispo Coadjutor de Angra, D. João Lavrador.

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