Respeito pela vida

Por Renato Moura

Foi esta semana noticiado que em Portugal, em 2015, 27 mulheres foram mortas pelos parceiros ou ex-parceiros e 33 sofreram tentativas de homicídio, o que nos mantém no topo dos países europeus com mais crimes deste tipo.

Oportunamente fora também divulgado que, em 2014, 42 mulheres foram mortas em ambiente doméstico, 35 das quais às mãos de ex-maridos , companheiros ou namorados e outras sete por outros familiares, sendo que 30% dos casos já depois de separadas ou divorciadas com nova relação. Na última década, em Portugal, terão sido vítimas de homicídio 398 mulheres.

Frequentemente estamos a receber notícia de muitos outros homicídios. Qualquer motivo serve para matar: disputas por heranças, desentendimentos, ajustes de contas com base em negócios legítimos ou ilícitos ou até mesmo conflito relacionado pela posse de um animal! As formas como são praticados os homicídios e o destino dado aos corpos, confirmam e agravam a convicção que somos obrigados a ter, de que a vida humana cada vez merece menos respeito. “Apesar da vida humana não ter preço, agimos sempre como se certas coisas superassem o valor da vida humana” legou-nos Antoine de Saint-Exupéry.

Somos permanentemente confrontados com comportamentos humanos que colocam os homens em inferioridade por comparação com os animais, como é por exemplo no que concerne à pedofilia. Assistimos a uma perda arrepiante de valores.

Até algumas pessoas formadas em ambiente cristão esqueceram o mandamento, que não sendo novidade, recebeu um novo sentido doado por Jesus: “Que vos ameis uns aos outros” e “assim como eu vos amei”.

A constatação do ambiente em que se vive, tem de preocupar todos os responsáveis aos vários níveis. Não apenas os governantes, como os professores, os médicos, os educadores que são muitos a começar pelas famílias. A religião, que tem um papel fundamental na formação das consciências e no acompanhamento e aconselhamento das pessoas massacradas pelas dificuldades que lhe são impostas, tem de incluir por amor e não excluir por regras.

“No contexto da cultura actual, o anúncio e o testemunho do Evangelho, traduzidos em critérios de actuação social e de fermentação cultural, são inquestionavelmente um dever de todos os discípulos de Jesus Cristo”, respiga-se de uma reflexão sobre o valor da vida humana, publicada em Setembro de 2013, por D. João Lavrador, agora nosso Bispo Coadjutor.

Que seja bem-vindo e seguindo o citado Paulo VI, Deus o ajude a colaborar “para a promoção de todo o homem e do homem todo”.

 

Scroll to Top