Doroteias encerram casa na diocese de Angra mas garantem trabalho missionário com açorianos até 2021

As duas religiosas que viviam na Salga, na ouvidoria do Nordeste, sairam no final de outubro

As Irmãs Doroteias acabam de encerrar a única comunidade que tinham na diocese de Angra, mas prometem continuar o trabalho à distância seja na orientação de voluntários formados por elas seja na missão além fronteiras que vão desenvolver com açorianos em Angola até 2021.

O encerramento da comunidade na Salga, ouvidoria do Nordeste, deu-se no passado dia 28 e deveu-se à falta de vocações que a Congregação está a enfrentar em Portugal, onde dispõe de mais de duas dezenas de comunidades.

“Temos tido muitas dificuldades em novas vocações em Portugal e por isso, é natural que tenhamos que extinguir algumas comunidades e acabamos assim por reforçar outras” avançou ao Igreja Açores a Irmã Judite Moinheiro.

No entanto, esclarece, “Continuamos a fazer missão com vários voluntários, sobretudo em Angola e já temos grupos de missionários açorianos para 2020 e 2021”.

“Não estaremos presentes fisicamente mas continuamos em espirito porque a missão que nos foi sugerida por Paula Frassineti continua muito viva” garante a religiosa.

“Eu acredito que a vocação é um dom de Deus, mas também considero que ainda precisamos de nos dar a conhecer melhor e explicar o que é a vocação religiosa”, avançou.

As Irmãs Doroteias chegaram aos Açores em 1993, fixaram-se primeiro na Maia e agora residiam na Salga, embora continuassem a dar o seu contributo a duas ouvidorias- Nordeste e Fenais de Vera Cruz- onde desenvolviam trabalho de evangelização quer na promoção da catequese quer no âmbito de ações sociais.

De resto, coordenavam um centro comunitário nos Fenais da Ajuda cujo principal objetivo é promover a dignidade da pessoa, assente essencialmente na promoção sócio profissional da mulher, com uma atenção especial aos adolescentes e mais jovens.

Atualmente, em Portugal, as Irmãs Doroteias têm 26 comunidades e constituem uma província. No território nacional só não estão presentes na Diocese do Funchal.

O Governo Central está em Roma, onde reside a Superiora Geral, que tem um conselho com representantes de cada zona geográfica dos quatro continentes onde as Doroteias estão presentes.

Em Portugal, a Casa Provincial é em lisboa; cada comunidade tem uma coordenadora responsável e é visitada anualmente pela Superiora Provincial.

As Irmãs Doroteias fazem a sua formação inicial em três anos- um ano de postulentado e dois de noviciado- findos os quais fazem os primeiros votos, renovados de dois em dois anos até um máximo de nove. Habitualmente, fazem um retiro anual de oito dias, apostando na formação contínua quer em termos religiosos quer em termos académicos, “sempre de acordo com as necessidades das provincias onde estão inseridas”.

Esta  família religiosa apostólica, de origem italiana, chegou a Portugal em 1866.

“Sentimo-nos responsáveis por dar continuidade à obra iniciada por Deus e por mantê-la viva em fidelidade ao Evangelho e às exigências do mundo de hoje. Procuramos incarnar as escolhas fundamentais com que Paula marcou a nossa Família desde os inícios: a pobreza – o maior serviço – a espiritualidade inaciana”, diz o Sítio da Internet da Congregação. Aliás, a estrutura interior de Doroteias, formada na Escola do EE de Santo Inácio, exige a “mais perfeita abnegação e uma generosidade sempre maior que só a familiaridade contínua com Deus pode alcançar”.

Um dos lemas desta espiritualidade é “ Nada negar ao Senhor para sermos instrumentos aptos para a glória de Deus”.

O trabalho das Doroteias é sempre coordenado em termos paroquiais e diocesanos e é na paróquia que encontram a “alegria de se darem aos outros, a todos, vivendo num grupo alargado”. Das Constituições da Congregação, de 1851, fica um outro lema bem presente na ação Doroteia: “Educar bem as crianças é reformar o mundo e conduzi-lo à verdadeira vida”.

Santa Paula Frassinetti nasceu e foi batizada em Génova em 1809, funda a Congregação em 1834 e em 1866 envia as primeiras missionárias para o Brasil e para Portugal. Morre com 73 anos, em 1882. Nove anos depois inicia-se o processo ordinário sobre a fama de Santidade; em 1930 é beatificada pelo Papa Pio XI e canonizada em 1984 pelo Papa João Paulo II.

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