Escutar, ver e agir é a “provocação” que a Igreja açoriana está a lançar a todos os diocesanos crentes e não crentes

Caminhada sinodal já arrancou. Vigário Geral da diocese lembra que está lançada a forma metodológica da Igreja auscultar a região, mas a meta é sempre a mesma: evangelizar para um verdadeiro encontro com Jesus

Na semana em que a Comissão Diocesana, que vai liderar a caminhada sinodal durante este ano pastoral, lançou um apelo aos conselhos pastorais de paróquia e de ouvidoria, bem como a movimentos de apostolado e institutos religiosos para iniciarem a auscultação de todas as estruturas da igreja e da sociedade em geral sobre a cultura, a vida económica e social e a realidade eclesial nos Açores, o vigário geral da diocese é o convidado do programa de rádio Igreja Açores.

Entrevistado por Tatiana Ourique, o cónego Hélder Fonseca Mendes lembra que esta “provocação” que inicia uma caminhada sinodal tem em vista um só propósito: conhecer e dar a conhecer melhor Jesus Cristo.

No programa que vai para o ar este domingo, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores, depois do meio-dia, o sacerdote, que é doutorado em Teologia Pastoral, descodifica conceitos e lembra a importância deste  `aggionarmento´ que a Igreja insular pretende fazer.

“Entramos num dinamismo sinodal que consiste em colocar-nos à escuta para ver e ouvir a realidade. A função deste ano é entrarmos neste método e no dinamismo próprio desta caminhada”, isto é, “o que se está a cultivar é a possibilidade de caminharmos juntos em Cristo, procurando juntos o melhor caminho”, afirma o vigário geral.

“A proposta que fazemos é que se possa escutar o mundo, da cultura ao social passando pela igreja, para percebermos como estamos a evoluir em termos de Cristianismo”, esclarece sublinhando que “a fé expressa-se em mediações culturais e quanto mais a fé e a cultura se impregnarem mutuamente, mais próximos estaremos de Cristo”.

“Nós queremos ouvir o maior número de pessoas, e para isso os conselhos pastorais paroquiais são imprescindíveis. Além dos seus membros- das comunidades- é preciso que se ouçam também os que estão fora, seja na sociedade, na academia, nos diferentes movimentos associativos” acentua lembrando que todos “sem exceção” podem ler os documentos que foram preparados pela Comissão de Coordenação da Caminhada Sinodal e opinarem.

“Entramos muito empenhados neste caminho. Não se trata de apenas ter mais conhecimento: o que queremos é, pela via da beleza, chegar a Jesus” destaca ainda lembrando que “a fé pode dar-nos coisas boas”.

O sacerdote recorda que desde o Concilio Vaticano II já se viveram tempos de “maior militância” mas o que a Igreja açoriana pretende é “comprometer” todos os batizados.

“Nós temos uma casa comum, temos uma vida comum, somos concidadãos, temos uma Igreja comum por isso tudo o que nos levar a frutificar esta ideia de caminhar juntos será sempre bom” refere ainda rejeitando qualquer tentativa de clericalização da vida da Igreja.

“Não queremos clericalizar os leigos nem secularizar os clérigos. A igreja é ministerial e, por isso, cada um com o dom que tem, tem de exercer os seu ministério” refere.

“Não se trata de colocar leigos contra os padres ou padres contra leigos; uns e outros têm lugar de acordo com o seu ministério. A  beleza de caminharmos juntos reside justamente aí: ninguém caminhar sozinho seja o padre seja o leigo”, esclarece.

“Todos somos desafiados  a viver melhor em comunidade. Esta é que é a essência da Igreja conciliar e é isso que estamos a fazer”.

A entrevista pode ser ouvida no programa Igreja Açores no Rádio Clube de Angra ou na Antena 1 Açores este domingo, ou depois da uma aqui no Sítio Igreja Açores.

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