Espera-se virtude nas campanhas eleitorais

Por Renato Moura

Aproximam-se as eleições para as autarquias locais e o tempo oficial de campanha eleitoral começa em breve.

Idealmente a campanha eleitoral seria um período legal, durante o qual as candidaturas explicam os seus princípios políticos, sociais, económicos e as formas e o tempo de concretização. Na realidade começam muito cedo, até antes da apresentação dos candidatos: um esforço enorme para atingir bons resultados eleitorais. É positivo recorrer a propaganda, se traduzida em acções destinadas a definir doutrina, divulgar ideias e opiniões.

Fazer campanha eleitoral séria, concreta e transparente, é uma obrigação e os eleitores devem estar atentos e activos para perceberem os objectivos e capazes de fazer uma opção de voto consciente.

A luta pelo poder, ou a simples ânsia de melhorar resultados, levam por vezes a atitudes insanas por parte dos concorrentes e dos incautos apoiantes. Só se deveria afirmar em campanha aquilo que convictamente se acredita poder ser concretizado; a lei não criminaliza o contrário, mas é uma grave violação moral aos concidadãos, condenável pelos votantes, nessa eleição, ou nas sucessivas.  Há demasiada generosidade a prometer, parco poder de concretização e branqueamento com desculpas esfarrapadas.

Ao longo dos anos mudou drasticamente o estilo das campanhas eleitorais. Foram-se as frutuosas sessões de esclarecimento que chegavam até às mais recônditas povoações, pondo em confronto directo candidatos e cidadãos. Os grandes comícios vieram a tornar-se falsos, pois não significam já adesão, mas capacidade de agentes para recrutar pessoas, por indeclaráveis meios, a maioria das quais de aderente nada tem!

Servirá de algo o gasto de rios de dinheiro em cartazes sem mensagem eficaz, ou na distribuição de vários brindes eleitorais e camisolas, as quais ficam escondidas, para só serem vistas muito tempo depois em trabalhadores das obras ou em tarefas domésticas, ou até feitas panos de limpeza dos móveis ou dos automóveis?!

Os debates promovidos pelas rádios e televisões são muito importantes para esclarecer, talvez para avaliar capacidades e desígnios dos cabeças de lista; mas nem todos os eleitores os ouvem ou veem. Está a recorrer-se muito às redes sociais para divulgação da mensagem eleitoral; mas há muitos cidadãos sem acesso. Enviam-se papeis pelas caixas do correio, com relambórios que poucos terão paciência de ler!

Seria bom não esquecer que a grande virtude e a eficácia das campanhas eleitorais estão no contacto directo dos candidatos com os eleitores.

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