“Hoje para nós o monte Tabor é aqui” afirmou o Núncio Apostólico pedindo oração pela paz na Ucrânia

Pico celebra em festa o Senhor Bom Jesus Milagroso, no ano em que o Santuário cumpre o seu 60º aniversário

O Núncio Apostólico da Santa Sé na Geórgia e na Arménia, o açoriano D. José Avelino Bettencourt , desafiou esta tarde os peregrinos da festa do Senhor Bom Jesus Milagroso, na ilha do Pico, a escutarem a palavra de Deus e a deixarem-se transfigurar por ela de forma a contribuir para um mundo melhor.

A partir da liturgia hoje proclamada e que celebra a festa da Transfiguração do Senhor, manifestação da vida divina, que está em Jesus, e que por isso é uma antecipação do esplendor, que encherá a noite da Páscoa, D. José Avelino Bettencourt sublinhou que “a transfiguração transporta-nos para um mundo melhor” e por “mais cansativa que seja a subida- como foi a de Jesus com os discípulos- , o objetivo é sempre um mundo melhor”.

“Hoje para nós o monte Tabor é aqui; na caminhada houve discípulos que acompanharam Cristo; outros ficaram atrás à espera… Quantas tribulações passamos para acompanhar o Senhor e quanta coragem é precisa para O acompanhar e não ficarmos enganados na sombra e na escuridão do mundo”, interpelou o diplomata da Santa Sé destacando que só “quem O acompanha e O escuta” alcança a vida plena.

“A vida é mais do que o mundo em que nós vivemos. Na Transfiguração de Jesus vê-se o poder e a dinâmica de Deus. É Deus que nos transforma”, afirmou.

“Este escutar que nos é apresentado neste episódio de Transfiguração é o que nos garante a salvação”, disse ainda.

“Jesus não transforma o mundo com palavras bonitas, mas através da cruz” frisou ressalvando que quem “não ama a cruz não vive em Cristo”.

“Hoje aos pés da majestosa montanha da ilha do Pico celebramos a solenidade da Transfiguração do Senhor: para quem tem fé esta montanha evoca o monte Tabor”. Por isso, “é justo que rezemos pelas vítimas de todos os males; não podemos deixar de não rezar pela paz no mundo, em especial na Ucrânia. Também trazemos o susto dos sismos que abalaram os nossos corações. Ofereçamos a nossa peregrinação como um tedeum de acção de graças por conseguirmos ultrapassar os sobressaltos da natureza”, disse ainda.

Foi a partir de uma referência à importância da cruz na vida dos cristãos que o Núncio Apostólico da Santa Sé saudou os presentes.

“Estou muito feliz de estar aqui a celebrar a solenidade da transfiguração do Senhor” afirmou o Núncio Apostólico da Santa Sé na Arménia e Geórgia.

“No meu peito trago uma cruz que me foi oferecida neste Santuário, antes de partir para o Oriente, terra que muitos conterrâneos vossos pisaram e onde fizeram tanta obra. Cinco anos depois trago a cruz de novo ao peito e lembro que ela é a nossa meta” disse D. José Avelino Bettencourt.

O prelado recordou ainda a sua primeira peregrinação ao Pico em 1976, com apenas 12 anos e na companhia dos pais, já emigrados no Canadá onde estudou e se formou.

“Este Senhor toca a fé de multidões de perto e de longe. Muitos aqui presentes se recordam da primeira visita ao primeiro Bom Jesus do Pico; também eu recordo a minha primeira peregrinação aqui em 1976, com apenas 12 anos, com os pais, atravessando o canal de São Jorge para o Pico, no navio Ponta Delgada”, destacando “a hospitalidade picarota” que sempre acarinha peregrinos e devotos.

“A ilha do Pico é terra de fé e de grandes figuras que serviram a igreja e a pátria”, disse, por outro lado.

Esta festa da transfiguração que é celebrada no Oriente desde o século V e no Ocidente desde 1457, situa-se antes do anúncio da Paixão e da Morte, preparando os Apóstolos para a compreensão desse mistério; quase com o mesmo objetivo, a Igreja celebra esta festa quarenta dias antes da Exaltação da Cruz, a 14 de Setembro. No Pico celebra-se com esta expressão do Senhor Bom Jesus Milagrosos desde 1718, época de grande erupção vulcânica.

Depois da concelebração, seguiu-se uma procissão solene que nos últimos dois anos ficou comprometida por causa da pandemia.

A Festa do Senhor Bom Jesus Milagroso termina este domingo.

No final da celebração, o reitor do Santuário, padre Marco Martinho, saudou os peregrinos.

“Esta é a casa de todos nós, de todos vós. Sintam-se em casa”, disse recordando o tema da festa  deste ano- “Senhor Bom Jesus viemos ao vosso encontro”.

“Há 160 anos neste dia realizou-se a primeira festa, com a primeira procissão do Senhor Bom Jesus; há 60 anos esta igreja foi elevada a Santuário. Hoje cá estamos a celebrar com todos os peregrinos, como sempre. A todos agradeço”, disse.

(Foto de Arquivo)

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