HOMILIA DO PRELADO NA SOLENIDADE DO PENTECOSTES

Matriz – Ponta Delgada.

O Tempo Pascal culmina com a Solenidade de Pentecostes, em que celebramos a descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos e Maria Santíssima, reunidos em Jerusalém. Antes da Ascensão, Jesus tinha advertido os Apóstolos para não saírem de Jerusalém: rogarei ao Pai e Ele vos enviará uma força do Alto – a do Espírito Santo – e sereis Minhas testemunhas até aos confins da terra.

A Ressurreição de Jesus é um novo tipo de presença de Jesus, no meio dos Seus: uma presença invisível, mas real: presença “espiritual”, porque se realiza através do Espírito Santo, que Jesus prometeu enviar e envia, para estar sempre connosco. A Igreja é, precisamente, o Tempo do Espírito Santo. Daqui o sentido da devoção popular ao Divino Espírito, que percorre as nossas Ilhas.

Jesus prometeu enviar e envia o Espírito Santo, qual Paráclito que vem em nossa ajuda. Como nos diz S. Paulo, na 2ª leitura, «ninguém pode dizer ”Jesus é o Senhor”, a não ser pela ação do Espírito Santo». O que significa que não podemos ter fé em Jesus, acolhê-Lo como Mestre e Salvador, sem a ajuda do Espirito Santo. Se o Espírito não nos ilumina e fortalece não podemos ser cristãos, não conseguimos seguir o caminho, proposto por Jesus, que, fundamentalmente, se resume no mandamento do amor: «amai-vos uns aos outros como Eu vos amei».

Amar como Jesus amou, é amar com o mesmo amor de Deus, que, no seio da Família Trinitária, é, precisamente, o Espírito Santo, o Amor em Pessoa, que torna possível o verdadeiro amor. Sem a ajuda do Espírito Santo não podemos amar de verdade. Só Ele é que torna possível o verdadeiro amor. Afirmava o Papa Emérito, Bento XVI: «A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos “vizinhos”, mas não nos faz “irmãos” (Caritas in Veritate, 2009, n. 19).

Efetivamente, quem nos faz irmãos é o Espírito Santo. Por isso, invoquemos, com a oração da Igreja: «Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor», para podermos ajudar a construir, neste mundo em que vivemos, a «Civilização do Amor», em que haja lugar para todos, formando, a partir da riqueza da diversidade, uma só família, unida pelo amor.

Escutámos, na 1ª leitura, o que aconteceu em Pentecostes: «Todos ficaram cheios do Espírito Santo» e, embora de diversas línguas, todos se entendiam. E S. Paulo afirma, na 2ª leitura: «Assim como o corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de numerosos, constituem um só corpo, assim também sucede com Cristo. Na verdade, todos nós – judeus e gregos, escravos e homens livres – fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo».

Por isso mesmo, o Papa Francisco nos pede que, esta tarde, estejamos unidos a Ele, que, em Roma está a rezar pela paz na Terra Santa, juntamente com os presidentes de Israel e da Palestina e acompanhado também pelo Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu (Igreja Ortodoxa). Uma oração ecuménica, que reúne judeus e muçulmanos, católicos e ortodoxos, a que nos associamos de coração.

«Deste modo, a invocação pela paz, que se elevará junto do túmulo de S. Pedro, se estenderá a todos os confins da terra – adverte o Santo Padre. Confiamos que, assim, se possa cumprir a promessa do Senhor: “Se dois de entre vós se unirem na terra, para pedirem qualquer coisa, obtê-la-ão de Meu Pai que está nos Céus” (Mt 18, 19).

«Será um encontro – especifica o Papa – não para fazer uma mediação ou procurar soluções, mas para rezar… Reunir-nos-emos, apenas para rezar e, depois, cada qual volta para casa. Mas eu creio que a oração é importante: rezar juntos, sem fazer discussões de outro género, ajuda…». Rezemos, pois, fervorosamente com o Papa e os seus convidados: «Enviai, Senhor o vosso Espírito e renovai a face da terra»! Assim seja!

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