“Independentemente de ser esta a solução formativa, a pastoral vocacional tem que ser um desafio e uma prioridade para a diocese toda”, afirma reitor do Seminário Episcopal de Angra

De 31 de outubro a 7 de novembro, os 13 seminaristas do Seminário Episcopal partem em missão na Semana Nacional dos Seminários

Tem sido considerado o coração da diocese, mas na verdade nem sempre tem “o carinho alargado” que mereceria e, por isso, no arranque de mais uma Semana dos Seminários, o reitor do Seminário Episcopal de Angra pede “compromisso” e “trabalho de todos” na pastoral vocacional de forma a que mais jovens possam optar pelo sacerdócio e escolham o Seminário Episcopal de Angra como opção formativa.

“Não quero desvalorizar o trabalho que muitos colegas têm feito, mas são quase sempre os mesmos. Todos os anos temos convites para ir ao Pico, ao Faial, às Flores e a algumas ouvidorias de São Miguel, mas não basta só alguns a trabalhar” afirma o padre Hélder Miranda Alexandre numa entrevista ao Palavras que Abrem Caminho.

“Independentemente de ser esta a solução formativa, este modelo de Seminário, a pastoral vocacional tem que ser um desafio” adianta lembrando que o fervor tem sido pouco, “menos do que seria desejável; veja há quanto tempo não enviamos missionários para fora das ilhas”.

“Ou tomamos a sério esta pastoral ou será difícil: há um decréscimo populacional, uma redução de jovens, um afastamento da Igreja. São factores que concorrem para o decréscimo de vocações e as notícias, com meias verdades, também não facilitam”, salienta.

“Não posso dizer que haja falta de carinho, mas talvez fosse necessário que esse carinho fosse mais consistente e alargado” esclarece, salientando que o Seminário “está sempre aberto para uma ligação mais próxima e afectuosa com a casa”. E, acrescenta: “uma coisa é a instituição e outra coisa são as pessoas que cá estão, que precisam do carinho, da proteção, do incentivo. O importante é crescermos todos juntos e não alimentarmos a maledicência”, adianta.

De 31 de outubro a 7 de novembro os 13 seminaristas partem em missão para várias ilhas, onde percorrerão salas de aula de Educação Moral e Religiosa Católica, catequeses e outros espaços onde contactarão com as comunidades.

Sobre o papel dos seminários na construção da sinodalidade, tal qual o Papa Francisco desafiou, o sacerdote lembra que se trata de “um tema central quer na formação quer na forma de estar e viver a Igreja”.

“Procuramos formar sacerdotes que acompanhem o povo, evitando uma Igreja clericalizada, dando lugar a todos e valorizando o papel dos leigos” esclarece, destacando que “a Semana dos Seminários é um momento oportuno para refletir isto”.

O reitor, padre Hélder Miranda Alexandre, fala, por outro lado, da aplicação da nova Ratio Fundamentalis (documento emitido por Roma, que orienta a formação de sacerdotes), que pressupõe que as várias etapas da formação dos presbíteros ocorra em espaços diferentes e com formadores diferentes e da acreditação do plano de estudos do Seminário de Angra.

“Os métodos devem ser colocados em causa. O conteúdo- a Palavra e o magistério são os mesmos- , mas temos de saber lidar com os novos meios, atentos ao que vem de fora”, precisou.

“Preocupa-me que não estejamos fechados, que nos abramos à cultura, mas ter alguma cautela na formação no sentido que o discernimento não seja perturbado” adianta lembrando que “o  estar com Ele”, tema desta Semana deste ano, “convida à intimidade; o ruído da rua às vezes também dificulta o trabalho”.

Relativamente à descentralização da formação, o reitor reconhece vantagens mas diz que numa comunidade como é o Seminário de Angra, com apenas 13 alunos “é difícil”, quer do ponto de vista humano quer dos recursos financeiros.

“Seria interessante haver maior diálogo. Por exemplo, um seminário propedêutico, outro para o estudo da Teologia e depois o regresso à diocese;  este trabalho conjunto, entre todas as dioceses, é fundamental” reconhece.

“Aqui o que se coloca é a ligação com a diocese. A presença do Seminário é uma riqueza para os Açores; a saída também é possível e desejável”, admite.

“Não estamos aqui hermeticamente fechados, mas não conseguimos com estes recursos fazer melhor do que fazemos”.

“Parece-me que o país com a sua dimensão vai ter que se articular melhor; tudo dividido, cada um para seu lado não nos conduz a sitio algum. A Conferência Episcopal Português é a grande responsável e tem que tomar decisões sem favorecer só um dos lados”, alerta.

A Semana dos Seminários que se assinala entre 31 de outubro e 7 de novembro, tem como tema “Para estarem com Ele e para os enviar a proclamar” (Mc 3, 14).

O Seminário de Angra conta este ano com 13 seminaristas: 1 da Ilha das Flores, 2 da Ilha do Faial, 1 da Ilha do Pico, 1 da Ilha de São Jorge, 2 da Ilha Terceira e 6 da Ilha de São Miguel.

No dia 30 de Outubro, realiza-se i uma Vigília de Oração na Paróquia de Santo António do Porto Judeu, pelas 20h00. Convidamos a que tomem iniciativas semelhantes por toda a Diocese.

No dia 1 de Novembro, três alunos do 5.º ano serão instituídos no ministério do leitorado pelas 18h00, na Sé de Angra. No resto da semana, os seminaristas irão em missão, com o intuito de realizarem trabalhos de apostolado, especialmente dirigidos às crianças e jovens, em catequeses, escolas, grupos de jovens e em diversas comunidades da nossa Diocese.

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