JOÃO PAULO II E O SENHOR SANTO CRISTO DOS MILAGRES

O provedor da irmandade do Senhor Santo Cristo subllinha o momento de encontro entre João Paulo II e a imagem do ECCE HOMO.

A vinda do novo Santo, Sua Santidade o Papa João Paulo II, aos Açores trouxe-me pessoalmente várias ocasiões de alegria.

Depois de muitas reuniões entre O Bispo da Diocese de Angra, D. Aurélio, o Governo dos Açores, a Câmara de Ponta Delgada e a Irmandade do Senhor Santo Cristo, ficou assente a localização da Imagem no momento da “celebração da palavra” junta à muralha norte do forte de S. Brás, tendo a Mesa encarregue de preparar a deslocação e colocação, com a dignidade e o respeito que Lhe é devido, da Veneranda Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres.

Ficou decidido que seriam os membros da Mesa, os colaboradores mais diretos e os dois irmãos mais antigos do grupo do Andor, que levariam o Senhor até ao jardim do forte. E, este foi o primeiro momento de muita alegria para mim, pois tendo entrado muito novo para a Mesa, nunca tinha levado a Imagem. E os tempos que se seguiram foram de cuidadosa análise de todas as possibilidades, para que tudo se passasse com o maior brilho e dignidade.

A saída da Imagem, fora do seu tempo normal, também nos trouxe outras preocupações; falava-se nas apertadas medidas de segurança que iriam rodear a vinda de Sua Santidade e as instruções de controle de todos os acessos ao “Campo do Senhor”.

Chegado o dia, começamos a ver na televisão açoriana as diversas reportagens que foram dando, desde a partida a Lisboa, chegada às Lages e viagem para Angra onde por força das referidas medidas parecia que o número de fiéis locais era muito reduzido! Entretanto o tempo passava e o Campo de S. Francisco estava praticamente vazio…

Eis que o então jornalista da nossa TV, Pedro Moura, em intervenção direta do ainda “aeroporto da Nordela” apelou veementemente a que as pessoas viessem para o Campo de S. Francisco que se encontrava vazio e com muito espaço… Desta veemente intervenção, correspondendo à vontade das pessoas e contrariando aparentemente as rigorosas recomendações de segurança, resultou que o “Campo” tivesse ficado completamente cheio de fiéis, bem como todo o caminho de vinda e regresso ao Aeroporto que depois tomou o nome do nosso querido visitante.

E foi o segundo momento de grande alegria, chegar ao Campo para preparar a ida da Veneranda Imagem para o seu lugar na celebração e encontrar o Campo do Senhor completamente cheio.

E depois foi o transportar do Senhor Santo Cristo com o campo em silêncio absoluto, fruto do respeito e devoção que todos Lhe dedicamos.

A apoteose da chegada de Sua Santidade, aquela figura impar que transmitia a todos um sentimento de Paz e admiração que, contrariando todas as indicações de segurança, se aproximou da multidão que o aguardava ovacionando-o e foi cumprimentando as crianças e pessoas mais próximas.

É então que se dirige para o local da “celebração” cumprimentando um a um as pessoas que ali se encontravam e que terminavam pela Mesa da Irmandade ao pé da Imagem do Senhor.

E entretanto a emoção tomou conta de mim, a figura do Santo Padre era de facto avassaladora, e as lágrimas escorreram pela minha face enquanto Sua Santidade se aproximava de mim… E então sucedeu o momento que se transformou num dos momentos mais marcantes e comoventes da minha vida: o Santo Padre cumprimentando a pessoa que me precedia desviou os olhos e viu a Imagem do Senhor Santo Cristo dos Milagres!…

A partir desse momento não mais tirou os seus olhos da Imagem, cumprimentou-me já sem me ver e dirigiu-se para a Imagem desviando a almofada que havíamos colocado para o efeito (uma relíquia do Convento – a almofada que fora feita para a visita do Rei D. Carlos em 1901) e ajoelhando no chão em profunda oração e recolhimento.

Foi preciso o Sr. D. Aurélio ir chamá-lo para que a celebração prosseguisse. E foi com ar estranho de quem foi retirado de um momento que não queria que terminasse, que o Santo Padre João Paulo II foi prosseguir com o programa que estava previsto.

Que o novo Santo, São João Paulo II, seja um protetor da nossa terra que, embora por pouco tempo, ficou a conhecer muito emotivamente.

Scroll to Top