Jornadas pastorais do episcopado debateram desafios do Papa

Iniciativa decorreu em Fátima, abordando a exortação «Alegria do Evangelho».

Os bispos portugueses, os vigários gerais das Dioceses, os secretários das Comissões Episcopais e os diretores dos Secretariados Nacionais, concluíram esta quarta-feira em Fátima as suas jornadas pastorais, este ano dedicadas ao tema ‘A alegria do Evangelho e desafios pastorais do Papa Francisco’.

 

O coordenador da iniciativa, D. António Couto, bispo de Lamego, disse à Agência ECCLESIA que temas como “a proximidade, o sair em missão, a alegria” no anúncio da mensagem cristã fizeram parte da reflexão da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), durante o projeto ‘Repensar a Pastoral’, nos últimos anos.

 

Respondendo ao repto do Santo Padre, o Bispo de Lamego diz que “é preciso avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária que não pode deixar as coisas tal como estão”, sendo necessário “passar da simples administração para um estado permanente de missão”.

 

Francisco, acrescentou, “supera os textos” com os seus gestos, e convida todos a construir “uma Igreja mais dinâmica, mais ativa, em saída”.

 

“Uma Igreja que se aproxime dos pobres, de todas as pessoas, sem estar a defender-se, que se exponha”, precisou.

 

O membro do Conselho Permanente da CEP destaca a importância de levar aos outros a “notícia” de Jesus Cristo e a sua “vida nova”.

 

“Se a Igreja não tem nenhuma notícia para transmitir, fica parada”, advertiu.

 

Um dos conferencistas convidados foi o sacerdote salesiano Luiz Alves de Lima, teólogo pastoralista brasileiro, que apresentou a influência no pontificado de Francisco da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, realizada em Aparecida (Brasil), no ano de 2008.

 

O especialista disse que a tradição latino-americana pode ajudar a Europa a ser “reevangelizada”, tendo presentes as novas condições de vida e de cultura.

 

“O espírito, a mística da evangelização, é bastante vibrante na América Latina”, refere, lembrando algumas das palavras do atual Papa, então cardeal Bergoglio, que dizia que a igreja tem de se apresentar em missão.

 

“ A  época de Cristandade já passou. A Igreja não se pode limitar a uma pastoral de manutenção. Numa sociedade pluralista e secularizada, urge a necessidade de nós cristãos sermos discípulos missionários”, concluiu.

 

D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém, fez ver, por outro lado, algumas consequências pastorais desta “saída” missionária da Igreja: uma Igreja toda carismática e ministerial; a urgência da conversão missionária dos organismos eclesiais.

 

Neste sentido, insistiu na necessidade de “renovar, em chave missionária, as estruturas eclesiais”, nomeadamente a Cúria Diocesana.

 

Como afirma o Papa, “o objetivo dos processos participativos não há-de ser, principalmente a organização eclesial, mas o sonho missionário de chegar a todos”.

 

D. Marcello Semararo, Bispo de Albano (Itália) e Secretário do Conselho Papal, constituído pelos oito Cardeais, explicitou a eclesiologia da Exortação Apostólica, referindo-se, sobretudo, à imagem muito querida do Papa Francisco: “Entre as imagens que o Concílio Vaticano II escolheu, para nos fazer compreender melhor a natureza da Igreja, está aquela de “Mãe”: a Igreja é nossa Mãe na fé, na vida sobrenatural (…). Para Mim é uma das imagens mais bonitas da Igreja: a Igreja-Mãe”.

 

Para explicar as implicações da “saída” missionária da Igreja, o Bispo de Albano recorreu também às próprias palavras do Papa, no discurso aos dirigentes da CELAM, em que explica que a Missão Continental está projetada em duas dimensões: a programática e a paradigmática; ambas propõem uma alteração da estrutura eclesiástica.

 

O Bispo de Angra, D. António de Sousa Braga e o Vigário Geral da Diocese, Pe Hélder Fonseca Mendes, participaram nestas jornadas de reflexão.

 

D. António de Sousa Braga, em declarações ao Portal da Diocese, lembra que  “não poderá haver uma conversão pastoral, em chave missionária, sem uma conversão pessoal a Cristo e ao Seu Evangelho, isto é, sem uma autência renovação espiritual”.

 

“Temos que nos deixar guiar e transformar pelo Espírito Santo, que Jesus prometeu enviar e continua enviar, para que sejamos, realmente, discípulos missionários, hoje, aqui e agora”, conclui o Prelado Diocesano.

 

Para o Vigário Geral, estas jornadas exortaram os presentes a “fixarem-se na atitude missionária tendo em conta o estilo de igreja proposto pelo Para Francisco”.

 

“A preocupação geral é de atitude e de paradigma da Igreja e da sua missão no mundo”, conclui em declarações ao Portal da Diocese.

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