Jovens preocupados com migrante lançam campanha de envio de tendas para a Sérvia

Campanha de angariação de fundos está na internet

Um grupo que integra portugueses e sérvios no “desejo comum” de “suavizar o percurso da população refugiada” lançou uma campanha de angariação de fundos para compra de tendas, disse hoje fonte do movimento “Não te Refugies”, promotor da iniciativa.

A campanha chama-se “Tendas para Todos” e está alojada na plataforma de ‘crowdfunding’ (ou financiamento colaborativo) “PPL Causas”, sendo objetivo do grupo angariar 2.000 euros até 04 de dezembro, valor necessário para adquirir “pelo menos 35 tendas” com as características necessárias para fazer face às condições climatéricas da Sérvia.

O “Não te Refugies” – que está em contacto com a Cruz Vermelha da Sérvia, entidade que vai ser recetora das tendas – estima que, num cálculo aproximado e de acordo com o período de uso, uma tenda possa beneficiar cerca de 120 pessoas por mês, logo 720 em seis meses e 1.440 pessoas num ano.

Se o “Não te Refugies” atingir o objetivo de “pelo menos 35 tendas” estima que serão apoiadas 140 pessoas num dia, 4.200 num mês, 25.200 em seis meses e 51.100 num ano.

“São óbvias as dificuldades na obtenção de tendas e sacos cama essenciais para a proteção do frio do inverno rigoroso que agora se aproxima. Esta iniciativa pretende responder a esta necessidade e à vontade de tantos de contribuir de outras formas para o bem-estar e dignidade dos refugiados”, lê-se no texto da campanha.

Em declarações à agência Lusa Jorge Sá, um dos promotores do “Não te Refugies” explicou que a iniciativa conta com o apoio da Embaixada da Sérvia em Portugal e avançou que as tendas serão enviadas juntamente com outros donativos que o movimento está a recolher.

O grupo tem dezenas de pontos de recolha espalhados pelo país e está a pedir roupa interior não usada e pastas e escovas de dentes em tamanho pequeno de forma a facilitar quer nas normas de envio, quer no uso que posteriormente será dado aos bens, ao que acresce vestuário, sacos cama e fraldas, entre outros bens.

“A importação é complicada mas a nossa estratégia é simples: fazemos a triagem e empacotamos num armazém no Porto e enviamos para a Sérvia através de uma empresa de faz transportes regulares para lá e nos cede espaços livres dentro dos camiões”, descreveu Jorge Sá que em setembro esteve em Belgrado para visitar a família da companheira Milica Bogdanov e lá acabou por trabalhar com uma organização não-governamental na ajuda à população refugiada.

Na altura, contou, percebeu que havia “muita pouca coisa para distribuir” pelo grupo de refugiados que estava acampado num parque público da capital da Sérvia, daí ter decidido “juntar os amigos” para criar o “Não te Refugies”.

Jorge Sá não consegue para já estimar quanto vestuário já foi angariado mas só em roupa que não pode, de acordo com as normas, ser enviada o grupo já doou cerca de 800 quilos à Cruz Vermelha do Porto.

A somar aos Bombeiros Voluntários de Valongo e aos Sapadores do Porto que “estão a apoiar o projeto desde a primeira hora” as corporações de Gondomar e de Ermesinde também têm colaborado, contou o responsável do “Não te Refugies” que também destaca a adesão das escolas, nomeadamente da Secundária de Amares, Braga, e dos Agrupamentos Vallis Longus e de Campo, Valongo.

Ainda ontem, o Papa reforçou a necessidade da Europa acolher os migrantes e refugiados com generosidade.

“Se formos um só povo, certamente acolheremos o outro como irmão; se formos apenas um grupo de indivíduos, mais ou menos organizados, poderemos querer salvar-nos primeiro, mas não teremos futuro”, alertou Francisco durante uma audiência com membros da Fundação Romano Guardini.

CR/LUSA

 

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