Monsenhor Júlio da Rosa “era um sonhador da igreja e da vida”

Ouvidor eclesiástico da Horta lembra o sacerdote que faleceu esta sexta feira, em casa, aos 91 anos de idade e 66 de presbitério

Se há caso em que se pode aplicar a expressão de que a “paróquia faz o homem e o homem faz a paróquia” é de facto o exemplo do Pe Júlio Rosa, “em que um e outro se confundem”, disse esta manhã ao Sítio Igreja Açores o Ouvidor Eclesiástico do Faial.

O Pe Marco Luciano privou e assistiu o sacerdote nas últimas horas de vida e lembra a sua “completa lucidez” até na hora da morte.

“Na semana passada fui levar-lhe a comunhão e na altura como ele estava mais desperto pedi-lhe que proclamasse o Evangelho e num breve comentário disse `como Deus é bom e grande, como Deus é misericórdia, como diz o Papa, que bom é sermos amados por Deus´, o que mesmo a morrer revela um enorme sentido de igreja e de fé”, sublinha o Pe Marco Luciano.

O Pe Júlio Rosa faleceu esta sexta feira, em casa, depois de várias tentativas de reanimação.

O responsável eclesiástico da ilha recorda-o em três dimensões: o homem , o intelectual e o padre.

“Eu destaco duas coisas que o marcam profundamente: o seu amor à paróquia, esta dedicação profunda à comunidade e por outro lado, a ligação que fazia com os padres mais novos” diz o sacerdote precisando que assim “se destacava como uma pessoa que facilmente compreendia as dificuldades, os defeitos, os problemas, as fraquezas dos colegas mais novos…mas sempre com um espirito mais compreensivo, paternal e aberto”.

“Era um homem conciliar, aberto e muito sonhador. Ele sonhava tudo e mais alguma coisa. Sonhava sobretudo com uma igreja onde os leigos tivessem um papel de responsabilidade acrescida e consciente”, diz ainda o sacerdote que fala também da vertente humanista do sacerdote, que durante 62 anos liderou a paróquia das Angústias, uma das mais centrais da Horta.

“Era um homem, ainda hoje, preocupado com as causas sociais, com aqueles que em tempos e circunstâncias difíceis viviam pobremente e por isso tentou na paróquia satisfazer as necessidades dos mais desfavorecidos não só criando a cozinha económica das Angústias mas proporcionando formação para todos porque entendia que a pobreza decorria da falta de instrução”, destacou por outro lado o Pe Marco Luciano.

A sua ligação à história, à investigação e ao ensino constitui outra das vertentes assinaladas pelo Pároco da Matriz da Horta.

“Contagiava com a palavra e dentro dos padrões clássicos era um homem da palavra e da pena”, conclui o Pe Marco Luciano.

O corpo de Monsenhor Júlio da Rosa vai estar a partir das 10h00 da manhã de hoje em câmara ardente na Igreja das Angústias, e amanhã será transladado para o cemitério do Carmo onde será sepultado. A missa será celebrada às 9h00.

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