Media da Igreja têm de “se reinventar” com “criatividade e rigor”

Conferência do Diretor da Agência Ecclesia encerra jornadas diocesanas de Comunicação Social nos Açores

O Diretor da Agência Ecclesia, Paulo Rocha, defendeu esta quinta feira em Vila Franca do Campo que muitas vezes o que está em causa para a sobrevivência dos media de inspiração cristã, mais do que uma questão económico-financeira, “é a capacidade da igreja se posicionar sobre o que quer ou não quer comunicar e como o quer fazer”.

Durante a conferência que proferiu, e que encerrou as jornadas Diocesanas de Comunicação Social nos Açores, o responsável pelos conteúdos editorais associados à “marca” Agência Ecclesia, lembrou que estes media devendo ser sustentáveis têm, de ter a “criatividade necessária para se reinventarem” e buscar “novas formas de financiamento através da criação de novos conteúdos” que obedeçam a “critérios de qualidade e rigor”.

“Conteúdos bons, bem comunicados, com criatividade e com rigor são meio caminho andado para termos credibilidade” disse Paulo Rocha sublinhando, por outro lado, a necessidade destes produtos se “repartirem por diversas plataformas comunicacionais”.

“Hoje o sucesso está na comunicação transmediada, os chamados cross media, com presença em várias plataformas que permitam a participação do leitor através de um simples click”, disse ainda o diretor da Ecclesia.

A partir do exemplo da Agência, que teve de se “agarrar ao digital” para ter um maior controlo sobre as receitas, Paulo Rocha lembrou que o processo “não aconteceu milagrosamente”, foi uma opção “construída passo a passo”, em que todos os dias “temos novos desafios que nos convidam a sermos criativos” porque é preciso “configurar a produção em função dos suportes que utilizamos”.

“Hoje as pessoas escolhem como e quando querem ser informados e isso não nos pode deixar indiferentes, ou seja, o que disponibilizo num jornal tenho necessariamente de partilhar na net” destaca Paulo Rocha.

A forma como se coloca a notícia, a rapidez com que se preenche um espaço, o título da noticia ou a forma como se provoca a leitura dessa mesma notícia ou , ainda, a frequência com que se atualizam os produtos “são questões a que devemos dar a máxima atenção porque é delas que depende o nosso sucesso”.

“O dinheiro é importante e é um problema que tem de ser encarado mas devemos coloca-lo de modo próprio, adequado aos dias de hoje e que já não é como no tempo em que angariávamos assinantes”, disse Paulo Rocha.

“O circuito é cada vez mais diferente e no ambiente digital não basta saber como se publica uma notícia na internet; temos de saber como é o negócio neste ambiente digital e onde posso ganhar dinheiro”, precisou ainda.

“Devemos ser criativos para o arranjar oferecendo produtos que criem valor acrescentado”, porque o nosso objetivo é “conquistar audiências” e perceber isto “é um enorme desafio” porque “temos de ser capazes de, sem pedir dinheiro aos nossos assinantes, criar-lhes a necessidade de consumir os nossos produtos”, sublinhou ainda o responsável que é também membro do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais.

Paulo Rocha falou, ainda, da potencialidade do trabalho em rede dos vários órgãos de comunicação social da igreja, “fundamentais para a comunicação” e na necessidade de cada órgão de informação saber rigorosamente para que público trabalha e quais são as suas necessidades.

“Não devemos cair na tentação de querer fazer tudo; as parcerias com outros órgãos de comunicação social são úteis e indispensáveis e ninguém sai prejudicado”, porque hoje uma empresa “sozinha não consegue fazer tudo tem de encontrar parecerias” e se elas “não forem pensadas com a cabeça têm de ser pensadas com a barriga, porque têm um custo”, afirmou.

“A relevância que todos procuramos, e a igreja em particular, só se consegue através da comunicação e quem hoje não o fizer numa plataforma digital, não a consegue alcançar”, concluiu Paulo Rocha.

As Jornadas Diocesanas de Comunicação Social foram encerradas pelo Bispo de Angra que afirmou que foram “uma boa maneira de celebrar os 100 anos de A Crença “, um jornal “que tem a marca do seu diretor” mas “o resto é a vida da igreja e por isso poderia assumir a missão de apresentar a vida da igreja em toda a ilha e quem sabe dos Açores”.

“Vamos deixar isso à inspiração do Espírito Santo esperando que A Crença seja, sobretudo, um jornal da Igreja”, encontrando “o melhor caminho a partir de um âmbito mais alargado”.

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