“Na Igreja não podemos dizer chegámos, temos é de ser capazes de partir”

A ideia, ao jeito de um verdadeiro missionário, foi deixada por D. António Sousa Braga, no dia em que celebra 44 anos de sacerdócio, 17 dos quais como Bispo de Angra.

Entre este sábado e a próxima segunda-feira, dia 19 de maio, o Bispo de Angra tem razões de sobra para festejar pois faz hoje 44 anos que foi ordenado sacerdote pelo Papa Paulo VI, em Roma e, segunda feira assinala 60 anos desde que partiu da freguesia do Santo Espírito, ilha de Santa Maria, rumo ao Colégio Missionário Dehoniano, no Funchal.

 

“Foram tempos difíceis pois parti apenas com 13 anos, sozinho com o Pe João Bairos Chaves e um primo, no navio Lima, de Vila do Porto para o Funchal, em maio”, disse ao Portal da Diocese o prelado diocesano que desde então nunca mais fixou residência nos Açores a não ser em Julho de 1996 quando foi nomeado Bispo de Angra pelo Papa João Paulo II.

 

É de resto ao Funchal que vai voltar em Junho para acompanhar as celebrações dos 500 anos da Diocese, onde se localiza a casa que o acolheu, a ele e a mais quatro irmãos.

 

“Prosseguir os estudos no seminário era normal naquela época e eu fui para a Madeira porque não tinha recursos para ir para Angra”, lembra o prelado diocesano que estudou no Funchal durante 5 anos, fez o secundário em Coimbra e o resto da formação superior e sacerdotal em Roma.

 

“Quando o Papa Paulo VI me ordenou, a Praça de São Pedro estava cheia, éramos perto de 270 e lembro-me da homilia do Santo Padre como se fosse hoje. Era dia de Pentecostes e o Papa falou sobre o Espirito Santo. Ele fazia 50 anos de sacerdócio nesse dia. Por estas coincidências todas fiquei muito feliz pela beatificação de Paulo VI”, sublinha D. António de Sousa Braga.

 

Licenciado em Teologia e em Ciências Sociais, o Bispo de Angra lembra o dia em que chegou aos Açores para substituir D. Aurélio Granada Escudeiro.

 

“Era açoriano e isso tinha sido um fator decisivo para a minha ordenação, mas eu nem conhecia todas as ilhas, de maneira que a minha prioridade foi ter uma noção muito clara do arquipélago e por isso andava tanto”, diz o Prelado que olha para estes 17 anos de episcopado como “um momento especial de ação de graças”.

 

“Ser chamado para exercer o ministério da Igreja quer a nível sacerdotal quer episcopal e ser bispo nos Açores onde recebi a minha fé é uma bênção” diz D. António que prefere, ainda, destacar a sua função de “pastor de uma igreja num tempo tão desafiador”.

 

“Hoje vale a pena ser padre nesta igreja porque todos os dias o Papa Francisco lança-nos novos desafios e nós nunca podemos dizer que chegámos; temos é de estar sempre prontos para partir”, diz  o Bispo de Angra não enjeitando uma perspetiva de igreja em missão que lhe é tão cara.

 

A dois anos de terminar o seu episcopado, antes de atingir a idade para a resignação, D. António de Sousa Braga garante que continua “igualmente motivado porque não podia ser de outra maneira” diz o responsável pela Igreja Católica nos Açores.

“Apesar de estar no fim do meu ministério gostava que a Diocese fosse capaz de dar um salto qualitativo na sua resposta pastoral e julgo que o Conselho Presbiteral foi muito importante por ter decidido que a Igreja açoriana vai estar em missão nos próximos tempos”.

 

Apesar das dificuldades “e do desânimo que também acontece, vale a pena ser Bispo nesta Diocese”, conclui D. António de Sousa Braga que depois de um fim de semana com quatro cerimónias de Crisma, na Relva e na Covoada (sábado) e na Saúde e Milagres (domingo), em São Miguel,  parte segunda feira para Santa Maria e, juntamente com o Pe João Bairos, atual pároco do Livramento (Ponta Delgada) e responsável diocesano pela pastoral missionária, vai celebrar uma missa de ação de graças na sua freguesia natal como forma de assinalar a data da partida e da entrada no seminário, em 1954.

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