Não esquecer a história para gerir bem

Por Renato Moura

Soube-se que o Grupo SATA vai ter um novo presidente. Concretamente Luís Rodrigues, que é um conhecedor do negócio da aviação, com larga experiência adquirida a vários níveis, nomeadamente na TAP, oferecendo assim perspectivas de poder gerir profissionalmente a companhia de aviação dos Açores.

A decisão do Governo tem merecido boa aceitação e parece inversão positiva relativamente ao erro persistente nos últimos anos. Dando prioridade à defesa de objectivos, como o de acarretar turistas para os Açores, nem sequer se privilegiaram os interesses gerais regionais, mas os de certas parcelas e segmentos. Não faltavam assim fortes razões para suspeitar que o executivo político continuaria a não estar interessado numa verdadeira reestruturação.

A SATA Air Açores tem o dever de prestar um bom serviço público aos açorianos, já que numa Região de ilhas, o transporte aéreo não é um luxo, mas uma necessidade imprescindível. Neste tem de imperar a consciência plena das especificidades de cada ilha e o respeito por quantos nelas vivem, atenuando, o mais que seja possível, as desigualdades. É matéria relativamente à qual se aceitam e até se impõem as exigências, que não só do Governo, como da Assembleia Legislativa Regional; mesmo que impliquem suportar custos de insularidade. Mas ainda assim é possível e necessária uma boa gestão.

Já quanto à SATA internacional, que é a grande responsável pelo buraco financeiro, há que rever tudo. Se o Governo quiser continuar a impor, como até aqui determinou ou permitiu, a manutenção de rotas e práticas desastrosas, continuará a cavar-se um buraco cada vez mais fundo, do qual jamais se sairá. Quando ao desastre de gestão, económico e financeiro do Grupo SATA, se junta a outros como da Saudaçor e dos hospitais públicos, para não referir outras gestões públicas ruinosas, persistir nos erros significaria a falência da Região e o descrédito do processo de governo próprio.

A decisão do Governo peca por tardia. Todavia, se à nova administração se garantir a anunciada autonomia de gestão empresarial, que seja competente e empenhada, permitindo-lhe encontrar as estratégias certas para um caminho de sucesso futuro, dir-se-ia que antes tarde que nunca. Se amarfanhado por ordens políticas visando interesses espúrios, o gestor morrerá na casca! E perder-se-á a última oportunidade para a SATA.

Em nome da ética, do serviço aos cidadãos e da defesa do património, importa atentar na história positiva da SATA, mas sem esquecer os erros fatais que a levaram à profunda crise.

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