Novo bispo auxiliar de Braga defende um diálogo mais “assíduo” entre responsáveis da Igreja e do Estado

Francisco Senra Coelho destaca papel das IPSS`s católicas no combate à pobreza e à exclusão.

O diálogo existente entre os responsáveis da Igreja e os do Estado é “insuficiente” e deveria ser mais “assíduo” de modo a que as respostas sociais aos problemas que o país atravessa fossem mais “concertadas” disse esta sexta feira ao Portal da Diocese o novo bispo auxiliar da Arquidiocese de Braga à margem do cursilho de cristandade organizado em Ponta Delgada, no âmbito das comemorações dos 50 anos de vida do Movimento de Cursos de Cristandade em São Miguel.

 

“Esse diálogo seria benéfico e atualmente é quase inexistente. Os carenciados são despejados junto dos serviços sociais da igreja que são um recurso, mas não se dialoga no sentido de encontrar soluções conjuntas. Houve um apelo a esta capacidade de diálogo e de encontro entre entidades oficiais e responsáveis da igreja mas o que tem acontecido ainda não é suficiente”, disse Francisco Senra Coelho, reconhecendo no entanto que hoje o “estado olha para a Igreja como um recurso para ultrapassar as suas próprias dificuldades”.

 

Questionado sobre se as pessoas têm razões para estarem desalentadas com a evolução económica e social do país, nos últimos 40 anos, desde a instauração do regime democrático, Senra Coelho diz que “esse desalento decorre do facto das pessoas sentirem que são tratadas como coisas” porque hoje o mais importante “é o lucro e a economia” e por isso “sentimos mais os efeitos de uma globalização a nível financeiro do que a nível da solidariedade”.

 

O novo bispo de Prestia (título atribuído pelo Papa Francisco) sublinha o papel das instituições de solidariedade social de inspiração católica na luta contra a pobreza e a exclusão social e elenca três desafios que se colocam hoje à igreja para continuar a desempenhar “esse papel de proximidade”.

 

“A igreja tem que ser o colo que acolhe as pessoas, que na sua pobreza material sentem também a pobreza espiritual e estão disponíveis para uma nova vida”.

 

Por isso, conclui, “a Igreja deve despojar-se até ao fim para ajudar Portugal”, sabendo em cada momento “limpar as lágrimas que correm no rosto dos desesperados que nos procuram em busca de um consolo e, depois,  levá-las a lerem os sinais da sua vida, preparando-as para uma nova etapa”.

 

A crise é “como um rio seco, sem água mas com um fundo cheio de lixo”  diz o novo Bispo lembrando que “houve muita incúria, muitos excessos, infantilismos e agora é preciso olhar para  o lixo e começar a varrê-lo” limpando  a “ impreparação técnica, os excessos, corrigindo as más opções, combatendo a corrupção”.

 

Francisco Senra Coelho desafia os cristãos a serem os primeiros a darem o exemplo “nós próprios deixamo-nos cair nessa tentação e é preciso que cada um de nós faça esse exame para ajudarmos a construir uma sociedade mais solidária”.

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